A humanidade há milênios marca o passar do tempo de variadas formas, desde o relógio do sol da antiguidade até os diversos tipos de equipamentos que mantiveram as pessoas informadas em que período do dia se encontravam. Desde os babilônios e egípcios ou astecas, quando a luz do sol projetava sua sombra em superfície demarcada.
Modernamente, foram utilizados variados tipos de marcadores de horas como o relógio de parede, de estante, passando pelo de pulso, este inventado por condessa húngara e suíço, por volta de 1868. Inventou-se modernamente o relógio atômico, que se atrasa apenas alguns segundos em milhões de anos.
Esses inventos aperfeiçoaram as formas de medir o transcorrer do tempo em nosso planeta. A rotação e translação da Terra determinam e alteram as horas em cada continente e hemisfério. Para essa divisão geográfica devem ser observados os meridianos e paralelos locais, que resultam em horas diversificadas para cada país e que resultam em fusos horários.
Já houve temores de que alguma catástrofe como um bólido rochoso-metálico vindo do espaço exterior em direção à Terra poderia modificar toda a física que nos mantém regularmente na Via Láctea. Essa é a galáxia em que nos encontramos, junto a outros planetas como Vênus (confundido com estrela), Mercúrio, Saturno e outros. Parênteses para informar de que Plutão foi considerado, desde 2006, planeta anão por orbitar de forma muito distante do Sistema Solar (cerca de 5 bilhões de quilômetros da Terra) conforme a União Astronômica Internacional.
Como não há previsão astronômica de meteoros ou blocos vindos do universo em direção à Terra, temos confiança nas medidas de tempo atuais que determinam todos os comportamentos humanos e não humanos. Anote-se que todas as circunstâncias, inclusive as atitudes dos seres vivos na superfície terrestre se submetem aos movimentos do planeta.
A demarcação das horas para muitos é facilmente verificável em relógios pessoais ou públicos. Para os ingleses, por exemplo, o Big Ben, inaugurado em 1859, encontra-se instalado em torre observável a distância. É um marco importante para as pessoas que confiam no tempo indicado em seus mostradores de quatro faces. Para visitantes de Nova York, o relógio é de outra natureza. Nessa metrópole constata-se existir um relógio com contagem regressiva para o desastre climático (o Metronome), que registra a crise climática irreversível para o planeta.
O Metronome está localizado na Union Square, no centro da metrópole americana. Nesse setor novaiorquino se destaca pelo Times Square, assim denominado por aí se publicar o jornal Times, que, no entanto, nada tinha a ver com marcação das horas. Pelo mundo afora, há sítios com relógio como o Relógio das Flores, em Viña del Mar, no Chile e na Torre do Relógio na França, inaugurado em 1371, sob a encomenda do rei Charles V e possui ornamentos dourados como queria o rei da França.
No caso brasileiro, poucas cidades possuem grandes relógios para que a população não se atrase para muitos compromissos diários. O Rio de Janeiro disponibiliza horário no relógio da Central do Brasil. Como ele está situado no alto de um prédio, é possível vê-lo em diversos pontos da cidade. É relógio imponente em torre com mostrador bem visível pela população.
Em Blumenau, há o Relógio das Flores, Santa Catarina, no qual os jardins mudam conforme as plantas. Mantêm-se vivas ou são retiradas se começarem a esmaecer, pois são trocadas por flores com cores mais vivas para aumentar a beleza do local. O mesmo ocorre com os relógios florais em Garanhuns, Pernambuco, e em Curitiba, capital do Paraná.
Quando alguém envelhece, passando dos 60 ou 70 anos, seu relógio biológico passa a ter outras demandas como se alimentar menos porque muita comida provoca gordura abdominal e é por isso que os idosos barrigudos aparecem em fotografias de família ou em caricaturas de revistas e jornais. Ou, o que é pior, passam os idosos pela fase do ageísmo, ou etarismo em que, preconceituosamente, os idosos são tratados pelos mais jovens.
No Plano Piloto de Brasília, como centro da terceira metrópole brasileira — como acaba de divulgar o IBGE — não há relógios de grande porte como poderia ser um instalado nas quatro faces da Torre de TV, marco importante para a capital do país. Ainda há tempo para que o governo local pense no assunto. Seria mais uma referência para atrair visitantes, que realizam o recomendável turismo cívico.
ALDO PAVIANI, geógrafo, professor emérito da Universidade de Brasília, membro do Instituto Histórico Geográfico do DF, do Núcleo do Futuro da UnB e da Associação Nacional de Escritores (ANE)