A maturidade é daqueles presentes da vida que a gente até tenta recusar, mas não consegue. Um chamado que chega com a idade, mas está longe de ser uma condição definida apenas pela faixa etária.
Maturidade deve vir com uma nova certidão de nascimento e um contrato pessoal de aproveitar um novo tempo da melhor forma possível. Acertos que servem como escudo para nos proteger dos efeitos da menopausa e do etarismo. A boa nova é que somos nós quem definimos as cláusulas, e o distrato só pode ser feito em nosso benefício.
Quando chega essa fase da vida, podemos rascunhar nossa certidão de renascimento. Somos frutos de quê, além dos nossos pais? Das nossas conquistas e desilusões, das alegrias e dores que acumulamos. Podemos listar tudo o que é representativo e nos constitui como seres humanos já vividos e tarimbados com as experiências de vida. Quem somos agora? O que nos define?
No meu contrato de maturidade, tomei algumas sérias decisões. Entre elas, a de não escrever apenas sobre escândalos, denúncias e repercussões de notícias ruins. Falar sobre as coisas boas, leves e engraçadas da vida. Escrever sobre as necessidades urgentes, que sejam a luta contra o feminicídio, a proteção das crianças, os direitos humanos, o antirracismo, a saúde mental.
Outra decisão importantíssima é cuidar do corpo. Minhas longas caminhadas pelas quadras e por distâncias bem maiores são a meditação de que preciso para manter a atenção no tempo presente, sem ficar projetando expectativas irreais nem ruminando pensamentos recorrentes, as armadilhas da mente que só fazem mal.
Outra cláusula necessária e perene é manter o bom humor. Criei o clube da risada, onde problemas não entram. Só compartilhamos o que nos faz rir. Vale até rir de si mesma, dos próprios problemas, das gafes, de memes. A vida tem muita chatice e abrir mão de uma boa gargalhada não está nos meus planos.
E o principal: pessoas. Livre-se de quem te deprime, te oprime, te diminui. No meu clube, só entra gente boa — e isso nada tem a ver com não compartilhar problemas, não acolher quem precisa, não chorar com nossos amigos por suas perdas e dificuldades. Apenas exclui quem nunca deveria ter entrado na sua vida e isso você só descobre na maturidade.
Portanto, a dedicação a meus amigos é cláusula pétrea no meu contrato. Família também tem lugar especial, mas há condicionantes, costumo avisar.
Um deles é não querer frear meus novos impulsos. Até porque eles são absolutamente conciliáveis com esse novo tempo. Por exemplo: voltei para a canoa havaiana porque amo um time e aprendi, com a maturidade, que remar junto é um exercício pra vida. Sozinhos, podemos bem pouco e só devemos somar com gente de bem.
Fica essa mensagem de domingo pra você!
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