Há quem torça o nariz para notícias da Copa do Mundo Feminina. Aí vai um dado a quem dá de ombros, é indiferente ou preconceituoso: nos últimos 30 dias, o Distrito Federal é terceiro lugar no Top 5 da ferramenta Google Trends em número de pesquisas sobre o evento da Fifa na Austrália e na Nova Zelândia. Com picos de primeiro! A capital fica atrás do Rio Grande do Norte e da Paraíba; e supera Piauí e Roraima.
Sim, tem a ver com as brasilienses convocadas — e dispensadas — Nycole e Tainara. Há influência do adeus do Brasil com goleada por 4 x 0 contra o Chile, no Mané Garrincha, no início deste mês. Do encontro da delegação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Da alfaiataria confeccionada sob medida para as meninas. Do embarque do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek em um inédito voo fretado bancado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) rumo à Oceania. Da viralização da despedida de Nycole do pai, o auxiliar de rampa Alessandro Sobrinho. Mais à frente, o corte da atacante do torneio devido a uma contusão.
Todos os argumentos são válidos na tentativa de desqualificar a posição do DF no ranking. No entanto, nada substitui o árduo trabalho de inclusão. Segundo dados da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), há cerca de 300 jogadoras registradas na entidade entre atletas profissionais e da base.
Talvez você não saiba, mas há um Candangão Feminino. O deste ano começa em 5 de agosto com sete equipes. É disputado desde 1997. A rainha Marta tinha 11 anos. Nem era jogadora profissional de futebol. O heptacampeão Cresspom é o recordista de títulos. Atual tetracampeão de 2019 a 2022, o Real Brasília ameaça a dinastia.
O futebol feminino da capital tem representantes em todas as divisões nacionais. O Real disputa a Série A1. Chegou às quartas de final em 2022. Esteve na semifinal da Supercopa do Brasil no ano passado. O Minas está na B. Cresspom e mais um representante via Candangão disputarão a C em 2024. Temos treinadoras de alto nível nascidas no DF. Camilla Orlando, por exemplo. A treinadora do Real Brasília comandava a seleção feminina dos Emirados Árabes Unidos antes de retornar ao Brasil. Antes, havia brilhado pelo Red Bull Bragantino. Levou o time à conquista da Série A2 do Campeonato Brasileiro.
O empoderamento feminino na capital deixou o futebol masculino para trás. Eles não disputam a Série A desde 2005. A última presença na C foi em 2013! O DF está atolada na quarta divisão faz 10 anos. O Brasiliense é melhor colocado no ranking de 243 clubes: 61º. A FFDF ocupa a 20ª posição entre as 27 unidades da federação.
O constrangimento no futebol masculino vira orgulho no feminino. Minas e Real Brasília iniciaram o ano em 12º e em 13º lugar, respectivamente, entre os mais de 100 clubes mencionados no Ranking Nacional de 2023 da CBF. A performance deixa a FFDF em quarto lugar na lista feminina, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Tá bom pra você? Esses e outros argumentos explicam o sucesso do DF no Google Trends na busca pela palavra chave Copa do Mundo Feminina.
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