"No meu tempo é que era bom." Segundo os estudiosos, essa expressão é atribuída a quem, desde os primórdios da civilização, convive com o sentimento popularmente chamado de nostalgia — também conhecido como saudade e melancolia.
Esse assunto foi tratado de forma abrangente em matéria publicada pela revista Veja da semana passada. Segundo Duda Monteiro de Barros, que assina o texto, pesquisadores das universidades de Columbia e Harvard detectaram a tendência nostálgica "que ronda as pessoas das mais diversas eras e lugares".
Sem nenhum drama, assumo a condição de um ser nostálgico. Em geral, eu me deixo guiar pela memória afetiva em relação às mais diferentes situações, primordialmente às ligadas ao universo da música — matéria-prima para o ofício que exerço prazerosamente. São incontáveis as recordações. Vou longe ao reativá-las. As lembranças iniciais são da infância quando em Barreiras, no interior da Bahia, ia assistir ao programa de auditório do Dragão Social — nos moldes que a Rádio Nacional apresentava no Rio de Janeiro — com a participação de Conceição Silva, Eudóxia Rocha, Delzuite Gomes, Ieta Dias, Iaci Jacarandá e Vilani.
Já em Brasília, desde cedo, eu quis me inteirar do que ocorria nessa área. Aleatoriamente, eu vou me ater a alguns shows, que considero marcantes. Estudante do segundo grau no Elefante Branco, estava na plateia do primeiro show de Roberto Carlos, no Teatro Nacional, ainda em construção. Aluno do curso de jornalismo da UnB, eu me intrometi entre convidados especiais e aplaudi Maria Bethânia no espetáculo Brasileiro, Profissão Esperança, que ela protagonizou com o ator Ítalo Rossi, na Sala Martins Pena.
Na mesma época me juntei a três mil pessoas que se reuniram no ginásio de esportes do Colégio Marista, na 609 Sul, para fazer coro com Rita Lee em Ovelha Negra, no show Fruto Proibido. No mesmo local, fiz a estreia como repórter, cobrindo o show Refazenda de Gilberto Gil. A partir dali, não consigo mensurar a quantidade de shows que presenciei, com o olhar de profissional da imprensa. O que posso dizer é que foi uma profusão, entre Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, apresentados por artistas internacionais como Rolling Stones, Queen, Iron Maiden, Yes, Paul McCartney, Ringo Starr, Bob Dylan, Elton John, James Taylor, Ray Charles, Stevie Wonder, Chuck Berry, Little Richard, Pablo Milanez, Nina Hagen, Tina Turner.
E o que dizer de show dos artistas brasileiros? Aí, a dificuldade de enumerar é infinitamente maior. Cito os de alguns que memória me permite lembrar: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, João Bosco, Ney Matogrosso, Lulu Santos, Gal Costa, Marisa Monte, Nana Caymmi, Ivete Sangalo, Nara Leão, Alcione, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Barão Vermelho, Titãs, Skank,J ota Quest — que tomo como representantes dos demais.
Como se observa, nostalgia é comigo mesmo!
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