O assassinato da torcedora Gabriela Anelli, de 23 anos, é mais um capítulo trágico da onda de violência que existe em torno do futebol brasileiro. Integrante de uma organizada do Palmeiras, a jovem morreu ao ser atingida por estilhaços de vidro que acertaram a veia jugular, durante uma confusão com flamenguistas, antes da partida disputada no sábado passado em São Paulo. É o oitavo caso fatal ocorrido neste ano durante um conflito entre torcedores. Os anteriores foram no Rio, em Belém, no Recife, em Fortaleza e em Maceió.
O caso de Gabriela também choca porque há indícios de que houve erro gravíssimo na investigação policial. Um torcedor do Flamengo chegou a ser preso por uma confissão informal que não existiu, sendo, inclusive, demonstrado por gravações que não foi ele o responsável. Assim, acabou solto na audiência de custódia por falta de provas. O problema é que ele teve a imagem divulgada pelos órgãos policiais como o assassino da palmeirense. E se numa tentativa de vingança, ele fosse morto depois de tamanha exposição assim? A polícia ajudou ainda mais a colocar gasolina na fogueira.
À morte de Gabriela somam-se casos de violência registrados contra jogadores. Nas últimas semanas, em uma breve pesquisa, encontramos o espancamento do atacante Luan por torcedores do Corinthians, assim como a depredação de carros de atletas do ABC após uma derrota na série B. Também teve a situação em que um meia da URT foi baleado na saída de uma boate em Patos de Minas (MG). Há muito mais. Pode ter certeza.
São situações que em nada combinam com o espetáculo proporcionado pelo futebol. Dessa forma, mostram-se mais do que necessárias ações para estabelecer a ordem pública. Santos e Vasco receberam recentemente a punição de jogar sem torcida após os incidentes dentro da Vila Belmiro e em São Januário. Penas justíssimas. Balbúrdia não deve existir em um estádio de futebol.
E nas mortes e conflitos na parte externa de um estádio, nas estações de transporte público e nas ruas país afora? Trata-se apenas de um caso da polícia judiciária? Não é o caso de a justiça esportiva agir na tentativa de dar um basta à onda de violência que ronda o esporte mais popular do Brasil? Quantas pessoas terão que perder a vida para que uma mobilização nacional seja feita pela paz dentro e fora de uma arena esportiva?
Muitos defendem a utilização de torcida única como fórmula para reduzir a violência. Poderá ser eficaz, sim, mas significará a mais pura falência do Estado e da sociedade. É preciso que seja feito muito mais, não apenas proibir que antagônicos se encontrem em um estádio de futebol. As autoridades estão aí para isso. Para encontrar soluções.
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