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saúde no futebol

Artigo: A vida como ela é, Diniz

O técnico interino do Brasil até a chegada de Carlo Ancelotti, em junho de 2024, deve ter pesquisado como foi a vida de Vanderlei Luxemburgo

 New interim head coach of the Brazilian national football team, Fernando Diniz, speaks during a press conference to present him at the Brazilian Football Confederation (CBF) headquarters in Rio de Janeiro, Brazil on July 5, 2023. Diniz, 49, was named Tuesday by the CBF as coach of the five-time world champions for a year, while Ancelotti fulfills his contract with Real Madrid, which expires at the end of June 2024. Once his relationship with the club ends, Ancelotti will assume the 'Seleção' in the 2024 Copa America, which will be played in the United States between June 20 and July 14 of that year, the President of the CBF said on Tuesday. (Photo by MAURO PIMENTEL / AFP)
       -  (crédito:  AFP)
New interim head coach of the Brazilian national football team, Fernando Diniz, speaks during a press conference to present him at the Brazilian Football Confederation (CBF) headquarters in Rio de Janeiro, Brazil on July 5, 2023. Diniz, 49, was named Tuesday by the CBF as coach of the five-time world champions for a year, while Ancelotti fulfills his contract with Real Madrid, which expires at the end of June 2024. Once his relationship with the club ends, Ancelotti will assume the 'Seleção' in the 2024 Copa America, which will be played in the United States between June 20 and July 14 of that year, the President of the CBF said on Tuesday. (Photo by MAURO PIMENTEL / AFP) - (crédito: AFP)
postado em 08/07/2023 06:00

O Ministério da Saúde adverte: comandar o Fluminense e a Seleção pode causar Síndrome de Bournout. Fernando Diniz é psicólogo. Sabe disso. O técnico interino do Brasil até a chegada de Carlo Ancelotti, em junho de 2024, deve ter pesquisado como foi a vida de Vanderlei Luxemburgo quando o professor, como ele, acumulou dois empregos no segundo semestre de 1998. À época, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, fez acordo com Alberto Dualib e o treinador comandava o Corinthians e o Brasil.

Luxemburgo levou o Timão ao título do Campeonato Brasileiro de 1998 e a Seleção conquistou a Copa América de 1999. A coleção de taças massageou o ego do vaidoso técnico, mas abalou a saúde física e mental do profissional. O diagnóstico para a doença à época chamava-se estresse agudo. O técnico precisava de ajuda. Matéria da Folha de S. Paulo, em 7 de outubro de 1998, tinha o seguinte título: "Psicóloga sai em socorro de Vanderlei Luxemburgo".

A jornada dupla insana levou o técnico a perder nove quilos. Houve queda na imunidade. Ele ficou vulnerável à gripe. Adoeceu depois de viajar quase 11.000Km para cumprir compromissos do Corinthians e da Seleção Brasileira. Sim, desumano, mas ele quis assim.

Duas psicólogas badaladas cuidavam da saúde mental dos principais times do país à época. Regina Brandão orientava Grêmio, Internacional e Palmeiras. Ela foi direta ao diagnosticar estresse agudo em Luxemburgo: "O fato de ele estar ganhando cabelos brancos e perdendo peso mostra isso. A perda de peso é um dos sintomas mais significativos do estresse, que leva também à diminuição da resistência imunológica, deixando a pessoa predisposta, por exemplo, a gripe", alertou.

Regina Brandão acrescentou: "Isso é como uma bomba-relógio. Vai se acumulando com as cobranças pelos resultados negativos, a pressão de todos os lados, e pode explodir de repente, como a convulsão que Ronaldinho teve na final da Copa do Mundo de 1998".

O ápice da tensão de Luxemburgo expõe um dos desafios de Fernando Diniz: o conflito de interesses. À época, ele brigou com Marcelinho Carioca, o astro do Corinthians e autor do primeiro gol da "Era Luxa" na Seleção. O meia foi afastado do elenco por 19 dias. Coube à psicóloga Suzy Fleury apagar o incêndio. Técnico e jogador fizeram as pazes, se beijaram em campo e seguiram a relação no clube e na Seleção. "Não posso revelar sobre esse trabalho interno para não expor a intimidade. Temos que reorganizar as coisas", disse Fleury.

Fernando Diniz é um baita profissional, mas deu garantias ao Fluminense e à CBF fora do controle dele. "Vou me dedicar 100% onde estiver. Minha dedicação vai ser máxima onde estiver naquele momento", disse na apresentação. Não trato jogadores e técnicos como super-homens. São humanos. Por isso citei o episódio de Luxemburgo e concluo desejando saúde ao técnico do Fluminense e da Seleção. Se cuida, Diniz!

 


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