LGBTQIAPN

Artigo: O símbolo de uma aliança

Existe uma porção generosa de poesia no arco-íris. Cientificamente, esse espectro de cores nada mais é que o resultado de um fenômeno ótico provocado pela refração da luz solar sobre as gotas de água suspensas no ar

Existe uma porção generosa de poesia no arco-íris. Cientificamente, esse espectro de cores nada mais é que o resultado de um fenômeno ótico provocado pela refração da luz solar sobre as gotas de água suspensas no ar. Essa paisagem natural, que geralmente se forma após uma chuva, é instrumento de inspiração para as artes e também para a ideologia.

Na Antiguidade, por exemplo, o arco de sete cores que se forma no céu representava uma aliança de Deus com a humanidade, assegurando que um novo dilúvio não destruiria o mundo novamente. Nos tempos mais atuais, indo na contramão da Arca de Noé — que preservou da catástrofe pluvial as espécies humana e animal por meio de casais formados por um macho e uma fêmea —, o arco-íris passou a ser símbolo da diversidade.

Engana-se quem pensa, entretanto, que essa roda foi inventada pelos gays dos Estados Unidos para as celebrações do orgulho. A representação multicolorida remonta ao início do século passado, quando um pacifista americano chamado James William van Kirk desenhou uma bandeira com as cores do fenômeno natural, conectada a um globo, para ilustrar que pessoas de diferentes nações poderiam viver harmonicamente. Acima de tudo, o arco-íris associado à diversidade sexual nada mais é que um símbolo da paz.

Estamos a dois dias da data que celebra internacionalmente o Orgulho LGBTQIAPN . Pelo mundo, diversos eventos ocorrem para marcar o mês dedicado à causa. Moderno, politizado, diverso e conectado, o Distrito Federal não se esquiva da importância de se posicionar na luta por mais "bondade e respeito do que o verdadeiro amor é capaz", como disse Renato Russo. Brasília já foi considerada, algumas vezes, uma das principais cidades gay friendly do país, com elevado número de casamentos homoafetivos, eventos voltados ao público, espaços de convívio harmônico entre todos e estímulo ao turismo. E a prova maior — literalmente — é a intervenção artística realizada no viaduto da Galeria dos Estados, no centrão da capital, que ostenta, desde o ano passado, 460 metros de uma pintura vibrante em referência ao respeito do brasiliense à diversidade. E, segundo o pessoal à frente do Brasília Orgulho, para este ano, muitos outros painéis instagramáveis serão espalhados pelo DF.

Em 9 de julho, o trecho que vai do Congresso Nacional — ícone democrático do país — à Torre de TV será tomado pela 24ª Parada do Orgulho. Mais do que uma celebração, a manifestação social representa um ato político. O estandarte de cores fortes clama por mais equidade de direitos civis, por mais segurança, por mais amorosidade. E pela tranquilidade de se expressar publicamente, ocupando espaços de igualdade e harmonia, como o promovido ontem, no Eixão do Lazer, em que um piquenique reuniu famílias, LGBTQIAPN ou não, dispostas a conviver em uma grande comunidade formada por gente. De diversas tonalidades, formando uma aliança colorida e alegre. Como o arco-íris.

 


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