Catherine Colonna, ministra da Europa e das Relações Exteriores da França
De 25 de maio a 10 de junho, a França viveu um evento que se tornou uma tradição: as Semanas da América Latina e do Caribe, oportunidade de mostrar que a América Latina e o Caribe representam algo muito especial para nós. Temos uma proximidade geográfica: com suas comunidades nas Antilhas e na Guiana Francesa, a França também é um país das Américas e do Caribe.
Nossos países cultivam um companheirismo cujas raízes remontam à nossa luta comum pela emancipação, um legado do Iluminismo, uma experiência histórica compartilhada, a das revoluções francesas, atlânticas e caribenhas, e uma grande proximidade cultural.
A França mantém uma densa rede diplomática, educacional, cultural e científica na região: 24 embaixadas, 41 estabelecimentos de ensino franceses, 200 Alianças Francesas e instituições de excelência, como o Centro de Estudos Mexicanos e Centro-Americanos, na Cidade do México, e o Instituto Pasteur, em Montevidéu e São Paulo.
A cooperação também existe em nível europeu. Uma cúpula está prevista em julho entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, marcando reativação dessa estrutura de diálogo.
Quanto à parceria para o desenvolvimento, há muito que a França atua para apoiar a região. Hoje, a França é o primeiro doador bilateral da região, com participação de 12 bilhões de euros da Agência Francesa de Desenvolvimento.
A França é o terceiro maior investidor estrangeiro na América Latina e ainda temos potencial. Hoje, as 2.500 subsidiárias francesas são o principal empregador estrangeiro no Brasil e na Colômbia. Em setores estratégicos e eficientes, desde o agroalimentar ao aeroespacial, a gestão da água e o desenvolvimento das energias renováveis, as empresas francesas são reconhecidas por sua expertise e sua capacidade de inovar.
As Semanas da América Latina e do Caribe são um convite aos nossos amigos da América Latina e do Caribe para aproveitarem as imensas vantagens do nosso país e reforçarem nossas relações humanas e econômicas. Queremos que os jovens latino-americanos sejam ainda mais numerosos a vir estudar em nossas universidades, que mais turistas desfrutem do nosso patrimônio, que sempre mais investidores aproveitem as oportunidades oferecidas por nosso tecido econômico, sendo a França o principal destino europeu para investimentos estrangeiros.
Diante dos desafios impostos por um mundo sempre mais incerto e em constante mudança, é vital que nossas nações, unidas pelos mesmos ideais de liberdade, democracia, progresso e solidariedade, reúnam seus pensamentos e energias para construir um multilateralismo eficaz. O primeiro desses desafios é o da paz e da segurança internacional.
Nas Nações Unidas, os países da América Latina e a França sempre trabalharam lado a lado. No dia 24 de fevereiro de 2022, os princípios da Carta das Nações Unidas sofreram um grave ataque quando a Rússia decidiu violar a integridade de um Estado soberano ao atacar a Ucrânia.
Diante da tragédia nesse país, que já fez tantas vítimas e onde tantos crimes de guerra estão sendo cometidos, é nossa responsabilidade reunir todos os Estados de boa vontade para manter e aumentar juntos a pressão sobre a Rússia e garantir que sua agressão não seja recompensada. Defendamos o respeito à integridade territorial e à soberania dos Estados, pois desses princípios dependem as regras que garantirão nossa segurança comum no futuro e moldarão profundamente o mundo de amanhã.
Outros grandes desafios também requerem nossa mobilização: a proteção do meio ambiente e a luta contra as mudanças climáticas. Nossa ação conjunta já levou à adoção do Acordo de Paris, em 2015. Na ONU, quase todos os Estados latino-americanos apoiaram a resolução apresentada pela França, Rumo a um Pacto Global para o Meio Ambiente, em 2018. Como parte interessada, a França está cooperando ativamente com o Brasil e outros países para proteger a Amazônia. Costa Rica e França copilotam a Coalizão de Alta Ambição para a Natureza e os Povos, e sediarão a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos em 2025.
O apoio financeiro aos países mais expostos ao choque climático é fundamental. Apelamos a nossos amigos latino-americanos para desempenharem um papel ativo na Cúpula de Paris sobre um Novo Pacto Financeiro Mundial, em junho. Questões de saúde, evidenciadas durante a pandemia da covid-19, mas também questões de direitos e igualdade. Diante dos desafios que enfrentamos, os nossos laços de amizade são vitais. Devem se desenvolver de forma multidimensional, com respeito e estima mútuos, para o benefício dos nossos povos e das gerações futuras.