Em viagem que fez ao maior país da Ásia Oriental, no último mês de abril, o presidente da República firmou diversos acordos com a China Mídia Group CMG, entidade estatal controlada diretamente pela mão de ferro do líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping. A emissora apresenta diuturnamente a liderança chinesa e seu partido único como uma espécie de "Timoneiros da Pátria", personagens essenciais para o país, enaltecendo suas ações e elogiando cada medida adotada, atuando assim como verdadeira fonte de lavagem cerebral para a população.
Nesse universo fake, todas as ações do governo são apresentadas ao público como medidas positivas visando salvá-los das garras do Ocidente maldoso. Para muitos chineses essa é a única realidade crível. A situação é tão surreal, que é difícil encontrar quem duvide do que é mostrado por essa mídia estatal. A propaganda do governo é onipresente e massiva. Do mesmo modo que apresentam um país e um governo onde tudo é fantasioso e cor de rosa, essa mídia também traz de fora para dentro as impressões da população acerca das ações do governo. Nesse caso também tudo é mostrado pelo lado positivo, sem críticas e sempre com muito otimismo.
Nos grandes centros urbanos daquele país, a infinidade de câmeras de vigilância espalhadas por todos os cantos mostra, em tempo real, como age a população no seu dia a dia. Tudo é absolutamente observado. Em resumo, o governo sabe exatamente como se comporta a população. Esta não tem a mínima ideia do que se passa nos bastidores do poder. É dessa espécie de Show de Truman que cuida a CMG.
Ao lado da costumeira repressão, a mídia estatal é, hoje, a principal arma ou estratégia que dispõe o governo para controlar o país e mantê-lo dentro das pretensões ideológicas e de poder do partido comunista. Foi em busca dessa parceria e da transferência desse tipo de tecnologia que o presidente brasileiro assinou acordos com a CMG. Essa é a TV estatal que o Partido dos Trabalhadores quer ver implementada aqui dentro, no mais curto espaço de tempo.
Suas razões são óbvias, embora seus reais propósitos sejam mantidos longe do conhecimento do público distraído. O que o governo chama de "troca e cooperação de conteúdos em prol do desenvolvimento econômico, social e sustentável dos dois países" pode ser resumido em controle total dos meios de comunicação com vistas a implantação iminente do socialismo no Brasil.
Não chega a ser surpresa que, na sequência, o próprio Partido dos Trabalhadores enviou há algumas semanas, tanto ao Ministério das Comunicações quanto ao secretário da área de comunicação do governo, um ofício, assinado pela presidente da legenda, pedindo a concessão de canais de rádio e de televisão, de modo a oportunizar "uma participação política para além do simples ato de votar, adotando-se uma verdadeira pedagogia de participação político-partidária". Em outras palavras o que vem com essa e outras medidas, como aquela assinada na China com a CMG é a "TV PT", a tevê que, por enquanto, ninguém vê, mas que, num futuro próximo, "não vê não pra você ver o que pode lhe acontecer".
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