Vacinar-se é um ato de amor próprio e de responsabilidade com os filhos e os familiares. Mas milhões de brasileiros têm desprezado a campanha nacional de vacinação. A meta do Ministério da Saúde de imunizar 90% ou mais da população adulta e infantil contra doenças preveníveis está longe de ser alcançada. Até agora, segundo o DataSus, nenhuma região do Brasil ultrapassou metade da meta. O Distrito Federal, apesar de não ter alcançado os objetivos da campanha, imunizou 47%, o melhor desempenho no ranking da Região Centro-Oeste. Minas Gerais, com 43% de vacinados, é o estado com o maior resultado no Sudeste.
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem 20 vacinas à disposição da sociedade, que atendem crianças recém-nascidas, adolescentes, jovens, adultos e idosos. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é um dos mais bem reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nem sempre funciona a contento pela centralização em unidades de saúde, quando poderia pulverizar os postos em locais de maior circulação de pessoas. Mas não é isso que explica a baixa adesão dos brasileiros à campanha deste ano. Bem antes da trágica pandemia do novo coronavírus, tanto o Brasil quanto a maioria das nações sofreram um ataque de fake news para desmoralizar os efeitos positivos da vacina.
O negacionismo, as informações falsas e os discursos que subestimaram os danos da covid-19 levaram muitos brasileiros a rejeitar a vacinação contra o novo coronavírus, responsável pela maior crise sanitária dos últimos 100 anos. Resultado: mais de 700 mil mortos entre 2020 e o primeiro trimestre deste ano. Ficou comprovado que a maioria dos mortos havia rejeitado a vacina e sequer deu importância às medidas protetivas,sugeridas pelos médicos e especialistas.
Não há dúvida de que a vacina é o melhor escudo contra as doenças infectocontagiosas. Tanto é verdade que, à medida que a vacinação contra a covid-19 imunizou milhões de brasileiros, o vírus perdeu força. Menos pessoas doentes. Menos mortes. A campanha de imunização trouxe a vacina bivalente, para conter a expansão das cepas do coronavírus que circulam na sociedade. Até agora — em três meses de campanha — pouco mais de 11% dos brasileiros receberam a dose de reforço contra a covid-19.
Entre todas as unidades da Federação, São Paulo surge com mais de 16% de vacinados contra a influenza (gripe). Ou seja, no restante do Brasil, os brasileiros não estão dando atenção às recomendações dos médicos. Quem rejeita a imunização se expõe e pode contrair a doença e, ainda, contagiar outras pessoas que lhe são próximas. Em Minas Gerais, só 45% dos idosos com 60 anos ou mais haviam se vacinado. Entre os jovens e adultos, na faixa de 18 a 59 anos, a taxa era de 10%. No universo de idosos do Distrito Federal, 69,9% foram vacinados.Quando considerada a população total da capital da República, só 35,1% dos brasilienses foram imunizados contra a influenza.
Hoje, há resistência na sociedade até mesmo de vacinar seus filhos contra doenças evitáveis na infância e na adolescência, como catapora, poliomielite, sarampo, rubéola, tétano, coqueluche, entre outras doenças. A recusa dos adultos de imunizar as crianças pode resultar na volta, por exemplo, do vírus que causa a paralisia infantil, até então tido como erradicado. Não há como responsabilizar só o poder público pelas doenças que podem ser contidas com a vacinação. Neste caso, ficar doente, ou deixar que um familiar adoeça, passa a ser uma escolha do indivíduo, com todas as suas consequências. A melhor opção é, sem dúvida, prevenir, levando em conta orientação dos médicos. Vida boa é vida com saúde.