O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado hoje, é uma data para reafirmar a importância de proteger, conservar o meio ambiente e prestar contas sobre o que cada um está fazendo nesse sentido. Narrativas, apenas, não bastam. Assim é para o setor mineral. A mineração está no centro de conflitos constantes entre as necessidades de preservação do meio ambiente e o inegável desenvolvimento socioeconômico que essa atividade gera. Por isso, é fundamental que ela esteja profundamente comprometida com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental para ser reconhecida como um setor produtivo que busca atuar em harmonia com o ambiente.
A Agenda ESG da Mineração do Brasil, estruturada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) a partir de 2019, é uma das respostas às tragédias com barragens de duas mineradoras. A proposta da Agenda ESG é, também, demonstrar à sociedade que o setor mineral assimilou essa responsabilidade. Em um primeiro momento, manifestou seu lamento e, em seguida, passou a promover transformações em seus processos para se tornar ainda mais seguro, responsável e sustentável, em sintonia com as boas práticas ESG — relacionadas ao meio ambiente, às pessoas e à governança.
Essa etapa de evolução da mineração elenca pilares de ações em 12 áreas: segurança de processos, barragens e estruturas de disposição de rejeitos, saúde e segurança ocupacional, mitigação de impactos ambientais, desenvolvimento local e futuro dos territórios, relacionamento com comunidades, comunicação e reputação, diversidade e inclusão, inovação, água, energia, gestão de resíduos.
Convém sublinhar que, há muitos anos, a preocupação pró-ambiental já estava inserida na sua raiz corporativa das mineradoras. O Livro verde da mineração do Brasil, lançado pelo Ibram em janeiro de 2023, é uma amostra disso e, ao mesmo tempo, presta contas à sociedade sobre as múltiplas iniciativas pró-ambientais efetivadas pelo setor.
Relacionado à Agenda ESG do setor, um estudo conduzido pela Consultoria Falconi em 2022 demonstra que, em termos de maturidade nesse conjunto de boas práticas, as mineradoras possuem "padrões de tratamento e gerenciamento dessa agenda, buscam a geração de valor sustentável e compartilhado".
O setor mineral também está engajado nas ações voltadas a mitigar os danos à vida e ao ambiente, em especial na Amazônia, causados pelo garimpo ilegal. Tem articulado apoio junto a ONGs, academia, governo brasileiro e de outros países para coibir essa atividade criminosa, bem como a comercialização do ouro que produz.
Outro ponto em relação à Amazônia é a promoção de discussões de alto nível que possam colaborar para construir um projeto de desenvolvimento sustentável para aquela região, como se pretende na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, a ser realizada no 2º semestre, que conta com a iniciativa do Instituto Brasileiro de Mineração.
Além dessas muitas ações, a indústria da mineração atua para expandir a oferta de minerais estratégicos, de modo que o planeta efetive uma plataforma real de transição para uma economia de baixo carbono e, assim, consiga avanços no combate aos riscos climáticos. Sem esses minérios, não há como desenvolver inovações tecnológicas ou fabricar equipamentos que, por exemplo, permitam substituir combustíveis fósseis por fontes renováveis, que minimizem os impactos da atividade produtiva no ambiente, e muito mais.
Para a construção e a manutenção de um parque de energia eólica, por exemplo, são necessários diversos minérios, como bauxita (minério de alumínio), agregados da construção civil (argila, areia e cascalho), cobalto e terras raras (ímãs e baterias), cobre e zinco (fiação), calcário (cimento), minério de ferro (aço), molibdênio (ligas especiais).
Esse papel preponderante para o cumprimento das agendas ambientais globais — mais uma ação do setor relacionada a ESG - sinaliza que a mineração é importante e necessária parceira definitiva para o desenvolvimento socioambiental e econômico do planeta no longo prazo.
*Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram)