Amanhã (3 de junho) é o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil. Infelizmente, mais de 340 mil crianças brasileiras acompanhadas pelo SUS, com idades entre 5 e 10 anos, são obesas. Os dados são da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), junto com o Sistema Único de Saúde. Desde 2022, inclusive, a obesidade é considerada um problema de saúde pública.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é de que até 2025 o Brasil tenha 11,3 milhões de crianças obesas, caso as autoridades e a sociedade como um todo não encontrem, urgentemente, soluções viáveis para o problema.
O que define uma criança obesa, segundo os especialistas, é o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado a partir da relação entre peso e altura (divisão), sendo que o primeiro é medido em quilos e o segundo em metros ao quadrado. Crianças com o percentual de IMC acima de 95 são consideradas obesas.
Uma alimentação saudável, a prática de atividades físicas e consultas regulares com o pediatra são fatores que constam em todas as cartilhas endereçadas às crianças, inclusive na Caderneta de Saúde da Criança, do Ministério da Saúde, documento que todos os pais recebem assim que o bebê nasce. O livreto traz inclusive dados sobre peso, comprimento, altura e IMC - todos relacionados à idade (até 10 anos).
Cabe aos pais ou aos cuidadores a função de observar a alimentação da criança, assim que perceber que ela está acima do peso, a quantidade de exercícios físicos que ela pratica (o recomendado pelos pediatras é uma média de 60 minutos de atividade aeróbica moderada por dia para crianças e adolescentes) e até mesmo se está crescendo adequadamente.
É verdade que o fator genético deve ser levado em consideração. É comum que pais obesos tenham filhos também obesos. Os especialistas dizem que pais com obesidade apresentam 80% de chance de terem crianças com o mesmo quadro. Esse número pode cair para 40%, se apenas um dos pais for obeso, e para 10%, se os pais tiverem uma alimentação de qualidade.
A começar pelo café da manhã, seguido das outras refeições durante o dia, a mudança de hábitos é essencial para que este quadro retroceda. Sedentarismo, excesso de exposição às telas — seja televisão, celular, videogame e tantos outros aparatos tecnológicos — e uma alimentação à base de sanduíches, refrigerantes e doces precisam ser banidos do dia a dia das famílias brasileiras.
Vale lembrar que o tempo de tela superior a duas horas pode aumentar o risco de desenvolver obesidade em 42%, e, por outro lado, a atividade física pode reduzir o risco de obesidade em 30%. Mas, se pensarmos que a educação física oferecida nas escolas talvez seja a única oportunidade que as crianças têm de se exercitar, a reversão dos elevados números de obesidade infantil no Brasil é um problema de difícil solução.
Somente com o engajamento entre a família, a escola, os especialistas e os órgãos de saúde — e aqui estão incluídos o Ministério da Saúde, as secretarias municipais e estaduais — será possível fazer com que nossas crianças tenham acesso a uma alimentação saudável, com um desenvolvimento pleno e, consequentemente, com índices menos desastrosos do que os citados acima.