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Visão do Correio: Os perigos que rondam as redes

As redes sociais foram criadas para conectar pessoas e grupos que não podem, por algum motivo, estar juntas ou não ter, até então, contato direto. Infelizmente, sabemos que o uso depende das intenções de cada um dos indivíduos ou setores sociais representados

 Social media troll harassing people on social media
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tecnologia -  (crédito:  Reprodução/Freepik/rawpixel.com/HwangMangjoo)
Social media troll harassing people on social media redes sociais violencia tecnologia - (crédito: Reprodução/Freepik/rawpixel.com/HwangMangjoo)
postado em 26/06/2023 06:01

As redes sociais foram criadas para conectar pessoas e grupos que não podem, por algum motivo, estar juntas ou não ter, até então, contato direto. Infelizmente, sabemos que o uso depende das intenções de cada um dos indivíduos ou setores sociais representados. Facebook, Twitter e outras redes foram invadidas nos últimos anos por agentes do ódio, que fazem questão de espalhar mensagens de desagregação. Outra rede muito utilizada em todo o planeta, o LinkedIn, também começa a enfrentar esse tipo de situação.

Originalmente criado como um espaço para conectar profissionais e compartilhar conquistas e conhecimentos do mundo do trabalho, o LinkedIn tem sido desvirtuado. Por lá, tragédias, problemas e dificuldades pessoais acabam se tornando material para textos motivacionais e corporativos vazios de empatia e respeito, embalados em um discurso pretensamente positivo. O exemplo mais recente ocorreu na semana passada, quando as buscas pelo submarino Titan — que havia desaparecido com cinco pessoas a bordo, que tentavam chegar aos destroços do Titanic — dominaram o noticiário.

Não tardou para que alguns usuários da rede vissem nisso uma oportunidade de capitalizar em cima da tragédia alheia. A publicação de postagens se intensificou ainda mais a partir de quinta-feira, quando partes do veículo foram localizadas no fundo do mar, confirmando a morte dos seus passageiros, no que se acredita ter sido uma implosão causada pela pressão da água.

O teor dos textos criados varia entre supostas lições que empresas e gestores podem aprender a partir do desastre do Titan e usuários que citam o acidente do submarino para falar de si mesmos, vendendo e divulgando uma imagem de profissionais bem-sucedidos tendo a tragédia como pano de fundo.

Quem utiliza as redes para explorar eventos trágicos para promover uma suposta mensagem motivacional revela uma falta de empatia e sensibilidade impressionante. Parece óbvio — e é — dizer que é profundamente desrespeitoso se aproveitar da morte de indivíduos para fins de autopromoção e ganho pessoal, ignorando a dor e o sofrimento que suas famílias estão enfrentando.

Além disso, a manipulação de tragédias para promover uma imagem corporativa positiva é uma prática, no mínimo, questionável e, obviamente, antiética. Ao vincular a morte de pessoas ao sucesso profissional, posts motivacionais deturpam a realidade e criam uma cultura tóxica, em que a busca incessante por conquistas é colocada acima do bem-estar humano.

É importante resgatar a essência do LinkedIn como uma plataforma profissional que promove a conexão e o compartilhamento de conhecimentos relevantes. Assim, é possível vislumbrar duas soluções para esse problema, infelizmente, nenhuma de fácil aplicação. A primeira, que seria a mais óbvia, é claramente a mais difícil: apelar para o bom senso dos usuários, para que evitem a exploração de tragédias como material para as publicações motivacionais e adotem uma postura ética, promovendo valores de respeito, compaixão e empatia. A outra saída é esperar que todo o universo corporativo presente no LinkedIn — empresas, marcas e recrutadores — se posicionem contra esse tipo de texto nocivo e pernicioso.

 


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