Têm razão alguns observadores da política nacional quando alertam para a necessidade e para o fortalecimento e a coesão política da direita no Brasil, unindo, sob a tutela de um partido bem estruturado e com orientação programática racional, todas as forças que, hoje, são simpáticas e afinadas com essa vertente. Esse parece ser o único caminho viável para impedir que a radicalização política chegue a extremos que não interessam à nação.
O mais sensato, se é que é possível falar em sensatez no momento atual, seria, como têm enfatizado muitos, a formação de apenas quatro grandes blocos políticos dentro do Congresso, posicionados de modo a englobar a esquerda e a centro-esquerda de um lado, e, no lado oposto, a direita e a centro-direita. Com isso, a reforma política ganharia impulso ao substituir a miríade de legendas partidárias sem identidades ideológicas e que, hoje, disputam a cotoveladas os fundos partidários e eleitorais.
Sem o estabelecimento de uma direita política responsável e afinada com as propostas e com o que deseja uma grande parcela dos brasileiros, o que se tem é o caminho livre para o estabelecimento de governos de partido único, como é feito hoje em países como Cuba, Venezuela, Nicarágua e outros no nosso continente. Sem um contraponto, o que resta é um ponto final na democracia e no pluralismo político.
A primeira tarefa, e talvez a mais difícil, será organizar uma força política com base em propostas que interessam de fato ao cidadão. Para isso, é preciso deixar de lado a falsa visão trazida pelo personalismo, que é o que tem a oferecer as esquerdas em todo o mundo e que levam os partidos a investir pesado no fortalecimento e na visibilidade de figuras individuais, em detrimento da legenda.
O personalismo cria legendas que são gigantes, mas que têm pés de barro. Uma vez saído o grande puxador de votos de cena, todo o resto partidário naufraga junto. Os pilares de um partido de direita que faz a diferença são assentados num conjunto programático, que busca, sobretudo, atender as reais necessidades da população, não com promessas, mas com ação. A primeira etapa, nesse longo processo de criação de uma legenda com esse perfil, parece ter sido realizada com a libertação da direita e sua saída do armário. Num tempo em que ficou comum o processo de assumir a verdadeira identidade, nada mais natural do que a naturalização da direita como partido afinado com a cultura e os costumes nacionais.
O imenso contingente conservador que nosso país abriga nunca teve representante político à altura, identificado com os valores que os brasileiros cultuam como família, religião, costumes, lisura e transparência no trato da coisa pública e uma infinidade de outros bens. É nesse vácuo, aberto pelo ex-presidente, que governou de 2019 a 2022, que essa nova legenda ou bloco deve assumir seu espaço.
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