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Visão do Correio: É preciso baixar as taxas de juros

Não há explicação para o fato de o Brasil ter a maior taxa de juros real do mundo e conviver com inflação menor do que os países desenvolvidos

Descrição: inflação, gráfico, economia
 -  (crédito: Cícero/CB/D.A Press)
Descrição: inflação, gráfico, economia - (crédito: Cícero/CB/D.A Press)
postado em 21/06/2023 06:00

Não há mais nenhum motivo real para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não inicie os cortes na taxa básica de juros, a não ser a impossibilidade de se desviar das previsões do mercado financeiro, ainda que atender à expectativa vá frustrar empresários, governo e sociedade, que esperam ansiosamente pelo início da queda da Selic, hoje em 13,75% ao ano. Não há explicação para o fato de o Brasil ter a maior taxa de juros real do mundo e conviver com inflação menor do que os países desenvolvidos. É certo que o núcleo da inflação monitorado pelo Banco Central mostra certa resiliência dos reajustes de preços, mas nada que se estenda a um horizonte mais longo. Esta semana, o próprio mercado financeiro apontou para redução das expectativas de inflação e da taxa de juros.

Ao cumprir estritamente o que espera o mercado, o Banco Central não demonstra nenhuma independência em relação aos agentes financeiros. Na reunião que termina hoje, o Copom deve manter a Selic em 13,75% e divulgar um comunicado indicando cortes a partir do encontro de agosto, no segundo semestre. Tudo seguindo o script do mercado financeiro. E a pergunta que é necessária fazer: Qual é a diferença entre promover um corte de 0,25 ponto agora e outro de 0,25 na reunião de agosto, ou fazer um único corte de 0,5 ponto? Mudança nas expectativas. E aqui não se trata de uma redução passada como foi feito, situação sempre citada para justificar a demora no corte das taxas quando as condições são favoráveis.

Mas, nesse caso, o Banco Central terá que ajustar, uma vez que até agora as projeções apontavam para a Selic a 12,5% no fim do ano, apontando para corte de 1,25 ponto percentual. Só que o mercado espera a Selic a 12,25%, ou 0,25 ponto a mais de redução. Para 2024, as previsões foram reduzidas de 10% para 9,5%, ou 4,25 ponto percentual a menos em relação ao patamar atual da Selic. O próprio mercado indica para o Banco Central que a taxa de juros pode cair mais, uma vez que as projeções para a inflação também estão em queda.

Esta semana, a previsão do IPCA para o ano foi reduzida de 5,42% para 5,12%. O percentual ainda está acima do teto da meta para 2023, que é de 4,75% (meta de 3,25% com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo). Mas, para os próximos anos, as projeções caminham para o centro da meta, que é de 3% para 2024 e 2025. As estimativas colhidas pelo Banco Central apontam para um recuo de 4,04% para 4% para o próximo ano e de 3,90% para 3,80% no seguinte. Ainda fora do centro da meta, mas dentro do teto fixado pelo Conselho Monetário Nacional.

O que se espera do Banco Central é que ele olhe também para as condições da economia. Juros altos estrangulam o orçamento das famílias e limitam a capacidade de investir das empresas e mesmo de gerir seu fluxo de caixa. Não é uma questão de governo contra a autoridade monetária, porque nessa batalha a sociedade é sempre excluída e sofre as consequências do arrocho monetário, que já dura praticamente um ano. É preciso mais do que apenas uma sinalização de que a Selic vai cair na próxima reunião.

 


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