A vida do brasileiro está mesmo difícil. Entre tantas mazelas econômicas e sociais — nossas antigas companheiras — a saúde da população também não fica atrás. De acordo com a pesquisa "Saúde do Brasileiro 2023", realizada pela Hibou, empresa de pesquisa e insights de mercado e consumo, metade das pessoas considera-se sedentária; destes, 55% preferem ignorar os primeiros sintomas em vez de procurar especialistas ou remédios com prescrição.
Outros dados mostram a força da internet e a influência negativa sobre a qualidade de vida das pessoas. Cerca de 45% dos respondentes costumam buscar respostas online ou optam por consultar amigos antes de recorrer a um médico, o que demonstra que "os doutores" da tecnologia atuam como profissionais capacitados e conhecedores do estado de saúde de seus "pacientes".
Segundo a coordenadora da pesquisa, Ligia Mello, oito em cada 10 brasileiros se queixaram de dores nos últimos três meses, ou seja, o Brasil é um país 'doente' — seja por falta de informação, ausência da cultura de prevenção, de tempo e de investimento com a saúde, que acaba sendo deixada em segundo plano.
Se a pandemia da covid-19 fez lembrar outras epidemias que mataram milhares de pessoas, em contrapartida, foi responsável por reafirmar práticas médicas como a telemedicina, mas os números ainda são considerados baixos. A confiabilidade na telemedicina e a qualidade dos atendimentos online têm vez para 15%; enquanto 48% ainda gostam de ligar ou ir presencialmente aos locais quando o assunto é saúde. Isso mostra que ainda há uma divisão clara entre os universos online e presencial nas preferências do brasileiro.
Para quem tem a internet como suporte e facilitador, 59% gostam de acessar exames digitalmente; 32% concordam que os canais digitais de atendimento agilizam os processos; 25% usam ou usariam um aplicativo de uma marca que confiam para armazenar informações de saúde; e para 18% usar aplicativos de prescrições médicas é bom para manter o histórico de medicações. Já 10% têm medo de manter seus dados de saúde na internet devido a vazamentos.
Por outro lado, 92% seguem perfeitamente as orientações quando as prescrições médicas estão em mãos. Isso mostra claramente tanto a confiança em médicos, de um lado, como a dificuldade de acesso da maioria da população à saúde, de outro - seja pela rede pública (com as eternas filas para se conseguir uma simples mamografia) ou pelos consultórios médicos da rede privada. Sendo assim, a automedicação torna-se o caminho mais curto e fácil.
No Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), quase metade dos brasileiros se automedicam pelo menos uma vez por mês e 25% usam a prática todo dia ou pelo menos uma vez por semana. A automedicação, com o agravante de não ter orientação médica, é um hábito comum a 77% dos brasileiros. A pesquisa foi conduzida em maio deste ano, e ouviu 1.180 pessoas por painel digital. O estudo apresenta 2,8% de margem de erro e 95% de intervalo de confiança
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