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relações governamentais

Artigo: Traduzindo com a tecla SAP

Em viagem que fez ao maior país da Ásia Oriental, no último mês de abril, o presidente da República firmou diversos acordos com a China Mídia Group CMG, entidade estatal controlada diretamente pela mão de ferro do líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante uma coletiva de imprensa conjunta com seu colega venezuelano Nicolas Maduro (não no quadro) no Palácio do Planalto em Brasília em 29 de maio de 2023. -  (crédito: Evaristo Sá/AFP)
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fala durante uma coletiva de imprensa conjunta com seu colega venezuelano Nicolas Maduro (não no quadro) no Palácio do Planalto em Brasília em 29 de maio de 2023. - (crédito: Evaristo Sá/AFP)
postado em 14/06/2023 06:01

Em viagem que fez ao maior país da Ásia Oriental, no último mês de abril, o presidente da República firmou diversos acordos com a China Mídia Group CMG, entidade estatal controlada diretamente pela mão de ferro do líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping. A emissora apresenta diuturnamente a liderança chinesa e seu partido único como uma espécie de "Timoneiros da Pátria", personagens essenciais para o país, enaltecendo suas ações e elogiando cada medida adotada, atuando assim como verdadeira fonte de lavagem cerebral para a população.

Nesse universo fake, todas as ações do governo são apresentadas ao público como medidas positivas visando salvá-los das garras do Ocidente maldoso. Para muitos chineses essa é a única realidade crível. A situação é tão surreal, que é difícil encontrar quem duvide do que é mostrado por essa mídia estatal. A propaganda do governo é onipresente e massiva. Do mesmo modo que apresentam um país e um governo onde tudo é fantasioso e cor de rosa, essa mídia também traz de fora para dentro as impressões da população acerca das ações do governo. Nesse caso também tudo é mostrado pelo lado positivo, sem críticas e sempre com muito otimismo.

Nos grandes centros urbanos daquele país, a infinidade de câmeras de vigilância espalhadas por todos os cantos mostra, em tempo real, como age a população no seu dia a dia. Tudo é absolutamente observado. Em resumo, o governo sabe exatamente como se comporta a população. Esta não tem a mínima ideia do que se passa nos bastidores do poder. É dessa espécie de Show de Truman que cuida a CMG.

Ao lado da costumeira repressão, a mídia estatal é, hoje, a principal arma ou estratégia que dispõe o governo para controlar o país e mantê-lo dentro das pretensões ideológicas e de poder do partido comunista. Foi em busca dessa parceria e da transferência desse tipo de tecnologia que o presidente brasileiro assinou acordos com a CMG. Essa é a TV estatal que o Partido dos Trabalhadores quer ver implementada aqui dentro, no mais curto espaço de tempo.

Suas razões são óbvias, embora seus reais propósitos sejam mantidos longe do conhecimento do público distraído. O que o governo chama de "troca e cooperação de conteúdos em prol do desenvolvimento econômico, social e sustentável dos dois países" pode ser resumido em controle total dos meios de comunicação com vistas a implantação iminente do socialismo no Brasil.

Não chega a ser surpresa que, na sequência, o próprio Partido dos Trabalhadores enviou há algumas semanas, tanto ao Ministério das Comunicações quanto ao secretário da área de comunicação do governo, um ofício, assinado pela presidente da legenda, pedindo a concessão de canais de rádio e de televisão, de modo a oportunizar "uma participação política para além do simples ato de votar, adotando-se uma verdadeira pedagogia de participação político-partidária". Em outras palavras o que vem com essa e outras medidas, como aquela assinada na China com a CMG é a "TV PT", a tevê que, por enquanto, ninguém vê, mas que, num futuro próximo, "não vê não pra você ver o que pode lhe acontecer".

 


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