Não há dúvida. São as imagens da semana. As fotos e os vídeos da espessa nuvem que tomou conta de Nova York por conta dos incêndios florestais impressionam por vários motivos: a sensação sufocante devido aos baixos níveis de qualidade do ar, os principais cartões-postais da metrópole totalmente encobertos e o retorno do uso de máscaras N95 nas ruas, que nos faz relembrar da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
A sensação apocalíptica também é provocada pelo laranja. Como sabemos, é uma cor quente, bastante associada ao fogo, o que sempre deixa um nível de tensão no ar. Filmes futuristas, por exemplo, exploram o tom alaranjado, semelhante a uma poeira, exatamente para provocar incômodo e angústia no telespectador, para fazê-lo refletir sobre o cenário. Mad Max é um bom exemplo.
Analogias cinematográficas à parte, a nuvem de fumaça que se espalhou pelos Estados Unidos — e que também se dissipa rumo a países do norte europeu — atingiu em cheio a população. Casos de cefaleia dispararam por causa da péssima qualidade do ar. Uma das principais buscas no Google nos EUA foi exatamente "dor de cabeça da poluição". Eventos esportivos precisaram ser cancelados, como corridas de cavalos e partidas de beisebol.
Lembranças do famoso nevoeiro de Londres de 1952 logo surgiram. Conhecido como The Great Smog, o fenômeno é apontado como um dos piores impactos ambientais provocados pela poluição do ar. Segundo cálculos das autoridades londrinas da época, o nevoeiro causou a morte de 12 mil pessoas e deixou outros 100 mil doentes, vítimas de infecções respiratórias. Teve início, então, uma grande discussão sobre o crescimento incontrolado da queima de combustíveis fósseis na indústria e nos transportes.
Agora, a poluição não foi causada por usinas ou veículos, mas por grandes incêndios florestais no Canadá, principalmente em Quebec. Dessa forma, é necessário o debate sobre as causas e eventuais consequências, assim como o mundo voltou os olhos para as queimadas na Amazônia e que tanto irritou os bolsonaristas.
E tal discussão tende a crescer nos próximos meses. Cientistas alertam para a possibilidade de uma grande variação climática em 2023. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) informou ontem que as condições para a formação do fenômeno El Niño estão oficialmente confirmadas.
Assim, há a expectativa de um Super El Niño, com temperaturas até 2,5°C acima da média em algumas partes do mundo, com picos entre outubro e fevereiro. No Brasil, os efeitos costumam ser secas severas no Norte e no Nordeste e chuvas excessivas no Sul e no Sudeste. A resposta governamental costuma ser sempre tardia. Será diferente desta vez? A ver.
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