Hoje, 25 de maio, o Brasil celebra o Dia da Indústria. Na condição de presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi), e em nome da qualificada equipe técnica e de colaboradores que integram a agência, celebrar esta data é uma alegria por causas que vão muito além de nossa atividade-fim, traduzida na formulação e execução de ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Devemos nos orgulhar do dia de hoje não apenas pelos avanços de nossa indústria, mas também pelas expectativas promissoras que ela nos oferece.
Embora surgida tardiamente no Brasil e de forma geograficamente concentrada, a indústria brasileira evoluiu a passos largos em seus menos de 100 anos de presença efetiva no país. Nesse período, ampliou espaço no território nacional e diversificou-se. Ao lado da indústria de outros países e por meio de tecnologias nacionais pioneiras, tornou-se referência em áreas tão distintas quanto a aeroespacial, cujo parque liderado pela Embraer é o quarto maior do mundo, e a exploração marítima em águas profundas e ultraprofundas, que abriu caminho para o pré-sal.
Se não foram poucos os esforços para chegarmos aonde estamos, não serão poucos os desafios para consolidar e avançarmos mais nesse setor primordial para o desenvolvimento. Temos amplas oportunidades para isso, não apenas na inovação, na agregação de valor e nas produções de alta tecnologia e de conteúdo nacional, mas também no espaço perdido que precisamos e podemos recuperar, traduzido pela queda da participação do PIB industrial de 20%, nos anos 1980, para 11%, atualmente.
Os números são claros e não temos tempo a perder. O momento é de reindustrialização mais tecnológica. Com desafios igualmente presentes no ambiente digital, não subiremos novos degraus sem nos adaptarmos aos novos tempos. Tradicionalmente conceituada como transformação de matéria-prima em produtos comercializáveis com uso de força humana, de máquinas e de energia, a atividade que comemoramos hoje demanda, agora, transformação digital.
Os tempos são da Indústria 4.0, realidade que vai além da difusão de novas tecnologias de automação, de big data e de aprendizagem de máquina. Com ela, surgem também novos modelos de negócios. Atenta a isso, a Abdi promove uma série de projetos de incentivo ao crescente uso de novas tecnologias pela indústria e demais setores produtivos do país.
Com o auxílio de estudos como o Mapa da Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras, elaborado pela Abdi, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV/link), a agência faz o monitoramento permanente do setor de pequenas indústrias, ao lado de serviços e comércio, para propor mecanismos de acordo com os cenários encontrados.
Enquanto identificamos o crescimento de acessos de banda larga entre MPEs de 69%, em 2021, para 79%, em 2022, detectamos a queda de investimentos em digitalização no último trimestre. Dados como esses norteiam ações da Abdi destinadas à correção de rumos. Programas em transformação digital como o Digital BR, voltado à aceleração de políticas e projetos regionais focados em transformação digital de setores econômicos, que impactou mais de 800 empresas com a qualificação de 170 agentes e implementação de 27 projetos.
O Projeto Conecta 5G, que faz uso de luminárias públicas integradas a antenas 5G, por sua vez, já implementou a tecnologia em nove municípios — em favor, também, de indústrias locais —, enquanto mais de outros 20 investem recursos em áreas de demonstração, iniciam processos ou discutem com a Abdi a elaboração de convênios.
A agência está igualmente no meio rural com o Agro 4.0, programa criado para estimular e fomentar ações de adoção e difusão de tecnologias 4.0 no campo e na agroindústria. Já são 900 as empresas impactadas após o lançamento de dois editais, número que será expandido ainda este ano com o lançamento do terceiro edital.
O dia é da Industrialização, mas, por fim, sustentável. Atenta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS) e aos benefícios da economia circular, a Abdi trabalha pela também denominada neoindustrialização, isto é, novos modelos de produção preocupados com o meio ambiente e a consequente melhora da qualidade de vida da população.
Celebremos o Dia da Indústria com orgulho e foco no amanhã. Com inovação, sustentabilidade e um mundo físico conectado ao on-line por meio da análise de dados, temos tudo para superar obstáculos, qualificar e ampliar nossas operações com o domínio de todas as cadeias produtivas. Não esqueçamos jamais: em nossa luta por desenvolvimento nacional e redução de dependência, a indústria é a bola. Sem ela, não tem jogo.
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*Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi)