Levantamento divulgado recentemente traz dados sobre a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro. O estudo evidencia, entre outros aspectos, como está a presença de talentos femininos nas empresas, além de mostrar "insights" sobre rotatividade nas companhias, empregabilidade e quais são as características mais procuradas em uma oportunidade de emprego.
De acordo com o estudo, o nível de hierarquia mais comprometido pelo desemprego é o pleno, sendo a faixa etária de 25 a 35 anos mais afetada. Além disso, 39,44% das respondentes estão desempregadas. Dessas, 34,98% são mães.
A começar pelos números negativos, apenas 10% delas estão satisfeitas com o que fazem, o que demonstra que a inserção dessas profissionais no mercado, assim como ter perspectivas de desenvolvimento na carreira, ainda é um desafio enfrentado pela maioria. Parece "chover no molhado" dizer que são os homens os detentores dos cargos de liderança, mas não há como fugir dessa realidade.
A pesquisa Panorama das Tendências, desafios e necessidades da participação feminina no contexto profissional 2023, desenvolvida pela startup Se candidate, mulher!, com foco na empregabilidade feminina, ouviu 1.128 mulheres dos 26 estados brasileiros, em diversos cargos, entre os quais júnior, pleno, sênior, supervisão, coordenação, gerência, estágio, trainee e direção.
O estudo destaca ainda que 43,79% das mulheres LGBTQIAP estão desempregadas. O número está acima da média geral, como se vê acima. Na pesquisa, ao analisar as razões que as levaram para deixar um emprego, as "situações de assédio" ganham mais impacto, tendo sido mencionadas por 63,91% das respondentes LGBTQIAP . No caso das mulheres pretas, 41,95% estão desempregadas e entre as que trabalham, 29,89% estão em cargo júnior, apesar da faixa etária predominante para esse recorte ser de 25 a 35 anos.
Embora apenas uma pequena parcela delas esteja satisfeita com seu trabalho, outro dado mostra que o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional é prioridade para 80% das participantes da pesquisa. Mas atingir esse equilíbrio fica cada vez mais distante, quando a vivência das mulheres passa por questões como maternidade, desigualdade salarial, jornadas de trabalho "triplas, quádruplas" etc.
É triste perceber o atraso de grande parte das empresas brasileiras — e da sociedade como um todo — quando a pauta é a igualdade de gênero. É fundamental que as companhias atentem para a necessidade de se criar uma agenda da diversidade e da inclusão, que seja capaz de influenciar aspectos macro como a permanência das empresas no mercado, lucratividade e competitividade. Há ainda muitos dados que podem ser explorados na pesquisa, mas, de momento, traçar estratégias para mudar essa realidade tornou-se urgente.