O Brasil é o país do presente. Faço essa afirmação com a convicção de que o país reúne condições especialíssimas para se inserir de forma competitiva no mercado internacional, assumindo a liderança de uma nova economia, uma economia de baixo carbono, uma economia verde.
Temos a maior biodiversidade do planeta, uma grande disponibilidade de biomassa e uma matriz energética limpa, em comparação ao resto do mundo, e com uma capacidade de expansão extraordinária. Além disso, temos um governo comandado pelo presidente Lula, que exerce liderança no cenário mundial e já expressou, de forma clara, os compromissos do Brasil com o combate ao desmatamento e com o enfrentamento das mudanças climáticas.
Por sua vez, o vice-presidente, ministro Geraldo Alckmin, tem reiterado que a neoindustrialização, tão necessária para promover o desenvolvimento industrial, agregar valor à nossa pauta de exportações, gerar empregos qualificados e promover o desenvolvimento regional com inclusão social, deve ter entre seus pilares fundamentais a economia verde, sustentada nessas três características: a biodiversidade, a disponibilidade de biomassa e a matriz energética limpa, capaz de promover uma indústria de baixo carbono.
As boas notícias estão aí. Recentemente, o presidente Lula assinou o decreto de qualificação da organização social Fundação Universitas de Estudos Amazônicos, fruto de uma parceria da Universidade Estadual do Amazonas com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, que vai gerir o CBA, Centro de Bionegócios da Amazônia.
Com a nova personalidade jurídica, o CBA terá maior flexibilidade de gestão, podendo receber recursos do polo industrial de Manaus e devendo fazer parcerias com a iniciativa privada, gerando negócios e produtos que vão transformar a biodiversidade em riqueza para o país e em benefícios às comunidades locais.
A reativação do Fundo Amazônia traz um grande alento e esperança às comunidades indígenas, extrativistas, ribeirinhas e a toda a Amazônia, pelos impactos positivos que deve promover a partir da bioeconomia. Ainda na Amazônia, dados do sistema Deter B do Inpe apontam que o desmatamento da floresta amazônica caiu 68% em abril em comparação ao mesmo período de 2022.
Mas as boas notícias não param por aí. Tramitam no Ibama, aguardando regulamentação, diversos pedidos de instalação de eólicas offshore (estações de produção de energia por meio dos ventos em alto mar). A participação das eólicas onshore (em terra firme) e fotovoltaica (solar) vem crescendo de forma significativa ano após ano na matriz elétrica brasileira. O potencial do biogás e do biometano é extraordinário.
Recentemente, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ampliou a mistura de biodiesel renovável no diesel fóssil de 10% para 12%, devendo chegar a 15% nos próximos três anos. A cadeia sucroenergética vive uma revolução silenciosa com a crescente produção do etanol de primeira e segunda geração, da cogeração de energia elétrica, da produção de biogás a partir da vinhaça, da possibilidade de produção de hidrogênio através do processo de reforma a vapor e de uma infinidade de produtos que começam a ser desenvolvidos por tecnologias a partir da fermentação de alta precisão que vão de bioinsumos, bioinoculantes a bioplásticos.
Toda essa matriz renovável traz consigo o potencial de produção de hidrogênio sustentável, considerado por muitos o combustível do futuro. No caso do litoral brasileiro, as eólicas onshore e offshore, aliadas aos parques de energia solar, trazem oportunidade de produção do hidrogênio verde, com a consequente atração de plantas industriais da cadeia de suprimentos e indústrias energointensivas, que podem através do hidrogênio, alavancar nossa produção industrial com uma baixa pegada de carbono, tornando-nos mais competitivos no cenário internacional e permitindo a desconcentração do desenvolvimento industrial.
Nessa brisa de oportunidades, convém aprovarmos uma lei que regulamente o mercado de carbono. Para isso, estamos trabalhando conjuntamente com 10 ministérios. Urge também transformar em lei projeto já aprovado no Senado, que agora tramita na Câmara, para regulamentar as eólicas offshore, transformando bilhões de dólares de investimentos em mais energia e empregos para o nosso povo. Com a união de todos, podemos fazer com que os bons ventos que sopram no Brasil também sejam bons ventos que sopram para o Brasil.
*RODRIGO ROLLEMBERG - Secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Mdic, foi governador do DF
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