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EDITORIAL

Visão do Correio: A resiliência da economia

"Os números melhores da economia decorrem do excelente desempenho do setor agrícola, que, neste ano, terá mais uma safra recorde"

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grafico
economia -  (crédito: Reprodução/Freepik)
Business management vector grafico economia - (crédito: Reprodução/Freepik)
postado em 21/05/2023 06:00

A atividade econômica está se mostrando mais resiliente do que o projetado pelos especialistas. Dados consolidados do primeiro trimestre do ano apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) conseguiu passar ileso às turbulências políticas do início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, marcado, sobretudo, por uma tentativa fracassada de golpe, em 8 de janeiro. Pelos cálculos do Banco Central, produção e consumo avançaram 2,41% nos três primeiros meses do ano, o terceiro melhor resultado para o período da série histórica do IBC-Br. Não à toa, bancos e consultorias estão revisando as estimativas para a economia ao longo do ano. Se, no início de 2023, as perspectivas apontavam para um incremento do PIB abaixo de 1%, agora, as previsões caminham para 2%. Uma boa notícia.

Os números melhores da economia decorrem do excelente desempenho do setor agrícola, que, neste ano, terá mais uma safra recorde — 302,1 milhões de toneladas de grãos, 14,8% a mais que em 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — e da força demonstrada pelos serviços e pelo varejo. Esses dois setores estão sendo puxados pela desaceleração da inflação, pela resistência do mercado de trabalho e pelo incremento do Bolsa Família, programa social reforçado pelo governo com aumento do número de beneficiários e valor médio recorde do benefício, de R$ 672. Também há o componente externo, uma vez que a atividade mundial se mantém aquecida, independentemente da elevação das taxas de juros nas principais economias como forma de conter a carestia.

Ainda há dúvidas entre os especialistas sobre até onde vai esse bom desempenho da economia. Por isso, a importância de o governo não criar percalços para a atividade. O projeto do novo arcabouço fiscal, que deve ser votado nesta semana na Câmara dos Deputados, deu conforto aos investidores de que não haverá estripulias no caixa do Tesouro Nacional. Agora, é trabalhar para que a reforma tributária seja, finalmente, levada adiante, para que o ambiente de negócios ganhe novo fôlego e segmentos, como a indústria, reencontrem o caminho do crescimento. Mantida essa direção pautada pelo bom senso, há chance de o PIB de 2024 superar os 3%, com mais geração de empregos e melhora na renda. É o que deseja a população, que, nos últimos anos, viu a qualidade de vida desabar.

O bom ambiente econômico deverá ganhar impulso com a queda da taxa básica de juros (Selic), de 13,75% ao ano. Os indicativos são de que o afrouxo monetário está mais próximo, podendo mesmo começar em junho, segundo os mais otimistas. Isso será possível graças à perda de força da inflação. Contudo, todo cuidado é pouco. O sacrifício feito até agora para conter a disparada do custo de vida não pode ser desperdiçado. A baixa dos juros é muito importante, mas não pode ser resultado de aventuras. O passado recente está aí para mostrar que, quando o populismo se sobrepõe ao técnico, a fatura é enorme e a maior parcela dela recai sobre os mais pobres, as grandes vítimas do processo inflacionário.

Consumidores, empresários e investidores estão dispostos a dar um voto de confiança. As pesquisas de intenção de compras apontam maior apetite em relação aos meses que virão. Há também disposição maior para a retirada de projetos de investimentos da gaveta. A Bolsa de Valores voltou aos 110 mil pontos e o dólar permanece sendo negociado abaixo de R$ 5, fato que contribui para a revisão, para baixo, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Se não há argumentos de sobra para se dizer que o Brasil está, enfim, entrando nos eixos, por enquanto, pode-se, ao menos, afirmar que, do ponto de vista econômico, o retrato que está exposto não é tão feio quanto se falava. Pelo contrário. Com cautela, sem comemoração exagerada, espera-se pelos novos passos.

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