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Economia

Artigo: O que cabe ao Brasil na nova corrida espacial?

pri-1205-opiniao Opinião -  (crédito: Caio Gomez)
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postado em 12/05/2023 06:00

Emerson Granemann - CEO da Mundo GEO e idealizador do SpaceBR Show 2023

Exploração espacial e novas oportunidades de negócios O que cabe ao Brasil na nova corrida espacial?

Tudo o que envolve o setor espacial é superlativo. Os números falam. A Euroconsult, empresa de consultoria que atua nesse segmento, apontou que o valor da economia espacial global em 2022 atingiu US$ 464 bilhões, o maior da história. E esse montante seguirá crescendo a uma taxa constante até chegar a US$ 737 bilhões no início da próxima década.

Isso se deve a investimentos pesados na exploração espacial — vide a missão para a Lua e futuramente para Marte —, mas também à quantidade de empresas que se instalaram nesse setor. O acesso ao espaço ficou muito mais fácil e barato nos últimos anos, por causa dessas companhias privadas e suas tecnologias disruptivas, como é o caso da SpaceX. Junto com ela, vieram tantas outras que estão possibilitando que cargas de todos os tipos e tamanhos sejam lançadas no espaço a um custo impensável há poucos anos.

Para dar vazão a essa demanda, só no ano passado foram realizados 186 lançamentos em todo o mundo, segundo a Bryce Tech, consultoria que acompanha o mercado de satélites. Ou seja, a cada dois dias um foguete é lançado, levando consigo sondas, satélites, smallsats, artefatos científicos e, claro, astronautas e cientistas.

Vale destacar que os smallsats, aqueles que pesam menos de 600kg, de acordo com a definição da Bryce Tech, já têm uma representatividade significativa nos lançamentos. Ao todo foram levados ao espaço 2.304 desses equipamentos em 2022, em 108 lançamentos, atingindo 54% da massa total das cargas lançadas no período. Esses pequenos satélites, aliás, foi o que permitiu que mais empresas entrassem nesse setor, seja no desenvolvimento deles, seja puxando companhias para lançá-los e operá-los.

Mas qual é a fatia do Brasil nessa indústria que não para de crescer? Hoje ela é praticamente inexistente, exceto por alguns poucos satélites desenvolvidos no país e lançados a partir dos Estados Unidos, nos últimos anos. A realidade, porém, poderia ser bastante diferente, se os diversos atores desse setor no Brasil trabalhassem de forma realmente integrada para gerar oportunidades de negócios. Isso quer dizer que universidades, institutos de pesquisa, governo e empresas privadas têm potencial para fomentar e criar uma indústria espacial local que de fato seja relevante em termos mundiais.

Um dos caminhos para o Brasil se inserir no mercado espacial é por meio de empresas e startups, assim como ocorreu em outros países, nos quais a iniciativa privada passou a ter um protagonismo nessa nova corrida espacial, comumente chamada de New Space. Sim, os governos seguem tendo grande participação, especialmente em termos financeiros, na contratação de serviços, mas são as empresas privadas que têm suprido essa demanda pública e também criado oportunidades independentes do recurso governamental.

O setor espacial sempre dependeu de recursos públicos e ainda há uma corrente que defende que esse deve ser o caminho principal. Entretanto, ele estará sempre sujeito a marés políticas e programas de governo, não a políticas duradouras que fomentem a indústria espacial e que a consigam manter em funcionamento constante e não dependente de alguns breves momentos de notoriedade.

Há no Brasil uma ebulição no setor privado espacial, com a criação de diversas startups, especialmente devido à vocação aeroespacial que a Embraer vem forjando desde a década de 1960 e que transformou São José dos Campos em importante centro de pesquisa e de desenvolvimento nessa área.

 


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