A entrada da Polícia Federal na investigação da Operação Penalidade Máxima é a certeza de que haverá novos capítulos sobre a atuação da quadrilha que manipulava o mercado de apostas esportivas. E a federalização vem em boa hora: a medida provisória que trata da regulamentação da jogatina on-line no país acaba de ser divulgada.
A MP, por exemplo, prevê que dirigentes e atletas estão proibidos de jogar, além de administradores e funcionários das próprias casas de apostas, menores de 18 anos, agentes públicos e pessoas que possam ter qualquer influência sobre o resultado do evento. O texto cria, ainda, um grupo governamental para combater a manipulação dos resultados.
E exatamente esse é o caminho a ser trilhado. Outros países, como Estados Unidos e Espanha, enfrentaram escândalos de fraudes esportivas. E somente com uma campanha de educação em massa no esporte de base, no universitário e nas divisões de acesso das ligas, conseguiram evitar novas ações criminosas e, com isso, passar uma maior credibilidade para o público.
Outro ponto que deveria merecer uma melhor atenção pelo governo na hora de regulamentação são as modalidades de apostas disponíveis. Falando especificamente da Operação Penalidade Máxima, a fraude praticada era em relação a cartões amarelos e vermelhos ou ao atleta cometer um pênalti. São infrações do jogo, também conhecidas como performance negativa. Assim, é simples evitar: basta proibir que as casas de apostas ofereçam esses "mercados" como modalidade de aposta.
Ninguém joga na Mega-Sena, por exemplo, para errar os seis números. O mesmo vale para a Quina, para a Timemania e afins — a única exceção das loterias da Caixa é a Lotomania, que prevê premiação para quem errar todas as dezenas sorteadas, o que é tão difícil quanto acertar as 20 bolinhas. Assim, creio que o mesmo princípio deveria valer para as apostas esportivas on-line. Somente os feitos esportivos (gol marcado, placar, vitória, etc.) poderiam ser apostados. Afinal, cartões, faltas e gols contra são situações que podem ser provocadas intencionalmente por árbitros e atletas.
Se o governo está interessado na regulamentação do jogo on-line de olho no aumento da arrecadação, as empresas interessadas na exploração do mercado se mostram favoráveis ao surgimento de regras para ficarem mais protegidas em torno de manipulações. É certo que o número de players vai reduzir sensivelmente, com as bancas de esquina atuando apenas na ilegalidade — como acontece com o jogo do bicho hoje, em que não há nenhuma garantia formal de que se vá receber o lucro de uma aposta. A presença de empresas sérias, recolhendo impostos e com boas regras de governança, só tende a fazer bem para a sociedade. Afinal, o jogo está no dia a dia da população, quer queira, ou que não.
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