Ainda não chegamos à metade do ano e o Distrito Federal registra 11 mortes de mulheres vítimas de feminicídio. O que surpreende, além da estatística aterradora, é o histórico da violência, que se repete, tornando-se quase previsível. O homem não aceita a separação e decide pôr fim à vida da companheira, daquela que disse amar, com quem, eventualmente, tem filhos.
Muito se debate sobre a natureza desse crime. Autoridades, especialistas em comportamento, estudiosos da natureza humana, entidades de mulheres. Ao ouvir vítimas de violência que conseguiram sobreviver, entretanto, percebe-se o quanto é difícil encontrar solução para situações tão particulares. Ao longo dos anos, tivemos grandes avanços, leis mais rigorosas, campanhas de conscientização. Porém, diante de cada crime, a sensação é de retrocesso, impotência.
Mulheres que vivem em situação de violência — apesar da quantidade de informações a que têm acesso, das redes de proteção disponíveis —, na maioria dos casos, aceitam a continuidade do relacionamento por falta de alternativas para seguir a vida. Muitas são dependentes economicamente, não contam com o suporte de familiares no cuidado dos filhos ou, ainda mais doloroso, estão tão deprimidas que não conseguem reagir.
O medo ronda a vida das mulheres ainda que prestem queixa. Nesses casos, depois de passarem pela burocracia constrangedora a partir da denúncia, a depender do caso e seguindo os trâmites, recebem um documento, um papel que registra uma medida restritiva contra o agressor. Em tese, deveria manter o algoz à distância, mas nem sempre é o que ocorre. O desfecho é quase sempre trágico. O que falta para que essa realidade se transforme? A morte de uma de nós é um crime em sequência, na qual um filho fica órfão, uma avó ou uma tia é levada a se transformar em mãe… Uma família se destrói.
Todos sabem e é importante repetir à exaustão: é preciso proteger as mulheres. Cada vez mais. Além da punição rigorosa aos criminosos, é preciso fomentar uma cultura de valorização das mulheres no reconhecimento de que elas são uma força que move o mundo.
Neste domingo que se aproxima, quando comemorarmos o Dia das Mães, além dos mimos comuns à data, vamos ressaltar o valor de cada uma delas, da importância de mantê-las vivas, criando meninos e meninas que farão da nossa sociedade um lugar melhor para viver em paz, com respeito às escolhas e com a certeza de que haverá um futuro.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br