VAGNER FREITAS - Presidente do Conselho Nacional do Sesi, foi presidente da CUT
Neste 1º de maio, fruto de uma desastrosa administração do governo anterior, os trabalhadores e trabalhadoras enfrentam ainda uma dura taxa de desemprego de 8,6%, que deixa 9,2 milhões de cidadãos fora do mercado de trabalho. A recuperação da indústria tem sido retardada em função da persistência na manutenção de uma política equivocada de juros altos, que não conseguiu domar a inflação, compromete o consumo e o desempenho da economia como um todo.
A retomada do desenvolvimento econômico, sustentável, com distribuição de renda e justiça social vai exigir do país a implementação de políticas e medidas estruturais que possam destravar os investimentos necessários para alavancar uma forte reindustrialização do país, setor chave para sustentar o crescimento.
O governo tem tomado a inciativa de propor importantes medidas que devem ser debatidas intensamente por todos os setores organizados da sociedade civil. O arcabouço fiscal, juntamente com a proposta de reforma tributária que, não apenas simplifique nosso sistema tributário, mas corrija as distorções hoje existentes, entre elas a tributação sobre o consumo que penaliza em cascata a indústria, atinge o consumo e impacta renda dos trabalhadores e trabalhadoras.
A reforma tributária deve também contribuir para que se construa um ambiente de justiça tributária de forma progressiva para que a renda da grande massa de trabalhadores não continue a ser penalizada e os profissionais possam ter acesso aos bens de consumo produzidos no país e, dessa forma, alavancar o desenvolvimento e o crescimento.
Outra medida é a retomada de linhas de crédito diferenciadas para a indústria, com condições mais favoráveis para investimentos em inovação e tecnologia aprimorando a capacidade produtiva da indústria brasileira. Isso pode ser feito por meio de parcerias entre empresas e universidades, por exemplo, que podem gerar novas ideias e soluções para os desafios enfrentados pelo setor industrial. Em especial aquelas que propiciem às empresas adotar e implementar as melhores práticas ambientais, de saúde para os trabalhadores e das comunidades do seu entorno, contribuindo para que o Brasil possa cumprir os compromissos internacionais frente à gravidade das mudanças climáticas do planeta e, com isso, ampliando os horizontes no mercado internacional.
A indústria brasileira já deu grandes demonstrações do seu potencial de produção local e da utilização das matérias-primas brasileiras, tanto nas grandes obras e equipamentos de infraestrutura, quanto na produção de bens de consumo. Apostar no conteúdo nacional para a indústria brasileira também é condição importante para potencializar a reindustrialização do setor. Com isso é possível gerar novos empregos em diversos setores da economia e aumentar a competitividade do país no mercado internacional.
Aumentar o consumo também é fundamental para melhorar a economia e gerar novos empregos de qualidade, com uma legislação trabalhista que preserve direitos e dê segurança jurídica aos empregados e às empresas. Para isso, é necessário e urgente a redução dos juros bancários e o investimento em políticas públicas que estimulem o consumo interno, como a ampliação do crédito para as famílias. É importante criar políticas para a criação de novos negócios e estimulem o empreendedorismo, gerando novos postos de trabalho e aumentando a renda das famílias.
A educação e a qualificação profissional dos nossos jovens adultos serão fundamentais para que os trabalhadores possam ser incorporados nesse novo mercado de trabalho. Uma educação que seja inclusiva, cidadã, que respeite a diversidade social, cultural, religiosa, sexual, que não admita nenhum tipo de discriminação e tenha compromisso com a preservação ambiental, a democracia como elemento de participação, de diálogo e da liberdade.
Nosso futuro passa obrigatoriamente pela educação para estarmos preparados para a quarta revolução industrial em curso. E para que nossos jovens e adultos possam ter acesso a ela, nossos professores também devem receber a mesma atenção para que possamos oferecer um ensino de qualidade.
Novamente, o Brasil tem uma oportunidade histórica de construir um projeto de país com desenvolvimento sustentável, justiça tributária e social e distribuição de renda. É preciso que os representantes dos trabalhadores e trabalhadores dos setores empresariais, da sociedade civil organizada e dos movimentos sociais promovam amplo debate sobre as propostas que estão sendo apresentadas pelo governo e apresentem, legitimamente, suas propostas e sugestões que possam aperfeiçoar e dar sustentabilidade ao desafio que está proposto.
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