GILBERTO LIMA JUNIOR - Presidente do Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social e do Conselho Curativo da Fundação Assis Chateaubriand
Em um mundo impactado por todos os lados pelo avanço de tecnologias disruptivas, entre as quais a inteligência artificial, o que esperar do futuro do trabalho, dos negócios, da sociedade humana e do próprio DF? O surgimento do Chat GPT 4 da Empresa Open AI, que emula a linguagem humana com mais de 1 trilhão de parâmetros de machine learning (aprendizagem de máquina), já é capaz de causar arrepios pela capacidade de elaboração de artigos científicos, desenvolvimento de programas de software, websites, classificar-se entre os primeiros lugares em concursos como o equivalente ao da OAB nos EUA ou nas universidades mais exigentes do mundo.
Em outras inteligências artificiais voltadas ao segmento audiovisual, a pintura e a produção musical também impressionam pelavelocidade e qualidade com que produzem suas obras. Chega a ser assustador. Diante desse cenário, há futuro para os criativos?
Atualmente, o mercado criativo responde por aproximadamente 7% do PIB mundial. O mercado brasileiro tem apresentado grande crescimento nos últimos anos. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), em 2019, movimentou cerca de R$ R$ 171,5 bilhões e gerou mais de 1,5 milhão de empregos no país. Os principais segmentos da economia criativa no Brasil são o audiovisual, design, moda, música, publicidade, arquitetura, artesanato e gastronomia. Com a digitalização e a globalização, as oportunidades nesses segmentos tendem a se expandir ainda mais. O audiovisual é o segmento que mais se destaca, representando cerca de 34,8% do volume de negócios da economia criativa brasileira.
O dia internacional da criatividade é celebrado mundialmente em 21 de abril desde que foi instituído pela ONU em 2017. A grande inspiração nasceu de uma amizade entre o economista John Anthony Howkins e o brasileiro Lucas Foster. Psicólogos e ativistas, ambos dedicados ao tema da economia criativa, termo forjado por Howkins. Lucas convenceu a ONU e, desde então, nessa data, centenas de cidades ao redor do globo celebram a criatividade humana.
Neste ano, Brasília e mais de 120 cidades em 19 países realizaram uma intensa programação comemorativa nos dias 20, 21 e 22 de abril. A convite da organizadora local, Ana Paula Bessa, tive o privilégio de realizar uma palestra seguida de um painel com o tema O impacto da inteligência artificial nas áreas da economia criativa. Contei com representantes brasilienses do mais alto nível nessa troca de idéias — Marcus Ligocki, cineasta premiado internacionalmente; Ralfe Braga, artista visual que encanta nossa cidade com suas obras; Cris Kozovits, ghost writer e expoente na produção de conteúdos literários.
Tanto os painelistas quanto a plateia presente concordaram que há uma clara distinção entre ferramentas generativas e criatividade genuína. Sensibilidade, emoção, arrepios, encantamento, alegria jamais deixarão de ser o diferencial que distingue o humano das máquinas. Considerando a velocidade com que o mercado criativo do DF avança e a intensidade das interações em torno dele, parece que o futuro será bastante humanizado.
Segundo estudo desenvolvido pela Universidade Católica de Brasília sob encomenda da Câmara de Negócios da Economia Criativa, o segmento movimentou mais de R$ 9 bilhões no Distrito Federal em 2022. A renda média dos agentes criativos do DF é de R$ 4 mil por mês, considerada a maior do país.
O setor é responsável por 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF. Mais de 90 mil agentes criativos entre profissionais e empresas formam a cadeia produtiva setorial com a predominância dos seguintes domínios de negócios: publicidade (13.096), moda (3.324), audiovisual (2.378), pesquisa/educação (1.550), turismo (1.498), eventos (1.083), arquitetura (1.082), software (855), gastronomia (590), mídias (360).
A saga de Juscelino acaba de completar 63 anos e ela é por si o resultado da visão, do empreendedorismo e do espírito alegre e boêmio de um presidente bossa nova que se apoiou na poesia, na arquitetura e nas artes para projetar o futuro de nosso país. O futuro do DF reserva muitas possibilidades e, nesse sentido, considero o estudo executado sob a coordenação do professor Alexandre Kieling, da Universidade Católica de Brasília, verdadeira bússola. É importante saber que na Brasília, Capital da Esperança, o futuro, além de virtual, segue concreto.