Opinião

Artigo: Protejam seus filhos

Vamos deixar que nossas crianças adoeçam seriamente, fiquem com sequelas ou até morram de doenças conhecidas e que podem facilmente ser prevenidas há tanto tempo?

Há algum tempo, temos acompanhado um retrocesso assustador: uma redução significativa na cobertura vacinal na população infantil em todo o mundo. Dados divulgados pelo Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, no último dia 20, mostrou a situação é crítica.

Pelo menos 48 milhões de crianças em todo o mundo não tomaram a primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche — 1,6 milhão no Brasil — em 2020 e 2021. A avaliação do Unicef é que, se não tomou essa vacina até os 2 meses de vida, é bem provável que não tenha tomado nenhuma.

No Brasil, temos o melhor programa de imunização público do mundo. E, por longos anos, atingimos as metas de proteção das crianças. Quem não se lembra do Zé Gotinha aguardando pais e filhos nos postos de vacinação para protegê-los contra a poliomielite?

Nosso orgulho de ser referência vai escoando pelo ralo da desinformação. Vivemos um tempo de tragédias em série, como a covid-19, em que o vírus levou tanta gente importante e até então saudável. Lutamos para que chegasse a vez das crianças receber sua vacina. Lutamos para conseguir nossas doses de saúde. Lutamos contra tantas fake news em relação à vacinação.

Mas o que estamos assistindo é um retrocesso na vacinação até mesmo de vacinas que há muito tempo imunizam a população infantil e protegem contra doenças que estavam praticamente erradicadas. Vamos deixar que nossas crianças adoeçam seriamente, fiquem com sequelas ou até morram de doenças conhecidas e que podem facilmente ser prevenidas há tanto tempo?

É urgente atender ao apelo da comunidade científica e dos organismos internacionais que apontam para esse grave retrocesso. Campanhas educativas e vacinação ativa em casa e nas escolas são urgentes. A atenção primária, desde o pré-natal, é fundamental.

Mães são, desde sempre, a maior fonte de cuidado e proteção dos bebês. É preciso sensibilizar as mães, levar até elas informações de qualidade e ajudá-las a chegar aos postos de saúde.

A vida está mais vulnerável; as condições da população pobre, sobretudo, pioraram; a busca por comida passou a ser prioridade. Precisamos entender que o grau de vulnerabilidade caminha junto com a desinformação. Quanto pior a qualidade de vida, inclusive com a dificuldade crescente de atendimento nos hospitais, maior a negligência em relação à saúde.

Com a população infantil tão vulnerável, o futuro de todos nós está sob ameaça. Proteger as crianças e o meio ambiente é o melhor que podemos fazer para a nossa continuidade no planeta. Não se pode negar a ciência. Não se pode confrontar dados. Não se pode brincar com a saúde das crianças. Vacine seus filhos.

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