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Artigo: Tecnologia, governança e outras tendências para um futuro sustentável

FELIPE AVELAR - Fundador e CEO da startup Finplace (www.finplace.com.br)

O ano de 2023 representa uma oportunidade de crescimento e consolidação das fintechs brasileiras. Os aprendizados de 2022 passam pela elevação das taxas de juros, que impactaram as startups em suas operações e nas rodadas de captação de investimentos, no ajuste de valuation, em demissões e outras consequências que foram um teste e tanto para o segmento.

Seguindo a premissa de que as fintechs impulsionam o mercado financeiro rumo ao futuro por meio da inovação em finanças, uma ótima notícia é que, apesar da diminuição de aportes como em anos anteriores, essas startups permanecem entre os setores mais procurados pelos investidores, segundo pesquisa da EqSeed, plataforma brasileira de investimentos em startups.

E, para trilhar um ano de sucesso, é preciso atentar-se às tendências que sinalizam o caminho a ser seguido. A a16z, Venture Capital (CV), norte-americana, publicou um conjunto de ideias com apontamentos para 2023, com destaque para as fintechs. De acordo com a gestora, o compliance será uma vantagem competitiva nesse universo, visto que complexidade é maior à medida que as startups ganham musculatura e precisam de novas licenças regulatórias.

Apenas nos Estados Unidos, empresas de serviços financeiros enfrentam mais de 50 mil regulamentações em agências federais e estaduais. No Brasil, por exemplo, os resultados da Resolução 4.970, que viabilizou a criação das fintechs, serão mais bem compreendidos a longo prazo.

Outro aspecto apontado pela a16z é a tecnologia, um dos principais diferenciais do mindset empreendedor dos que estão à frente das startups. Por meio da utilização de diferentes ferramentas como, por exemplo, a inteligência artificial, que já vem sendo utilizada tanto pelas fintechs como em inúmeros outros setores da economia brasileira, e o machine learning, uma forma avançada da própria IA.

Um sistema pode ser treinado para executar tarefas de maneira autônoma, interpretando padrões de dados e implementando decisões baseadas no que foi ensinado. Inúmeros processos de uma operação financeira de oferta e tomada de crédito se beneficiam de tecnologias como essas e inúmeras outras.

A essas previsões devemos acrescentar a questão dos dados, que devem permanecer confiáveis e abrangentes. No entanto, a necessidade de informações não pode prejudicar a agilidade e rapidez em processos não burocráticos, de modo a manter a melhor experiência possível para os clientes. Estabelecer e prever riscos não deve comprometer a premissa das fintechs, da transformação e simplificação.

A governança é igualmente importante, mas com uma ótica de evolução e adaptação. É preciso crescer de maneira sustentável, com atenção contínua e austeridade de custos para que a operação seja viável e autônoma no longo prazo, sem depender necessariamente de recursos externos.

O ano de 2002 foi uma prova de fogo para as fintechs brasileiras em função dos desafios econômicos e outros fatores. Mas este ano, mesmo sem os grandes aportes de investimentos comuns desde o início do desenvolvimento das startups, promete possibilidades que não se limitam apenas a 2023. Crescimento, consolidação, profissionalização e ganho de escala também devem ser percebidos como importantes para as fintechs como ocorre em grandes companhias financeiras e de outros setores.

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