Com o ódio à espreita, ninguém está seguro. E não digo isso à toa em um dia tão festivo quanto este. É Páscoa, dia da ressurreição de Cristo, de celebrar a vida daquele que nos deu o maior exemplo de amor e sacrifício pelo outro. Mas a humanidade carece algo além desta lembrança. Precisa da prática diária e constante do amor, em cada ato do nosso dia a dia, contra a cultura de ódio na qual estamos imersos.
O atentado à escola de Blumenau, que tirou a vida de quatro crianças e feriu outras várias, tem explicação, mesmo que não tenha motivo. Trata-se de um bolo de ódio fermentando, ganhando tamanho e força a olhos vistos. Será que não estamos vendo? O que é necessário para entendermos o quanto esse abismo é colossal, gigante, destruidor?
É de uma tristeza imensa constatar que esse episódio não foi único nem será o último, pelo que já disseram os estudiosos de eventos dessa natureza. Há algo muito errado acontecendo e crescendo e se espalhando. Em vez de nutrir o amor, estamos alimentando o preconceito, a raiva, o ódio.
O que desejam as pessoas que praticam atos tão covardes e aparentemente tão inexplicáveis? Chamar a atenção e arrebanhar novas criaturas, que nada mais são do que objetos de uma cultura de ódio? Talvez expiar a vida miserável e sem sentido que levam dentro de si.
Há uma indignação geral e um sofrimento imensurável, mas o fato é que precisamos fazer algo mais. Cada um de nós. Por uma cultura de paz, que se sobreponha ao exercício de alimentar os monstros. Vamos conversar mais, demonstrar mais atenção e cuidado com o próximo.
Leva-se muito tempo para formar um assassino inescrupuloso. Ele não nasce pronto, pelo menos é o que eu acredito. Essa criatura vai sendo gestada na base do desleixo, da mágoa, do bullying, do medo, da distância, da raiva, do preconceito, da doença mental não tratada, do acesso ilimitado aos absurdos propagados pela internet, sobretudo da violência.
Que, nesta Páscoa, possamos refletir sobre o papel de cada um de nós para produzir o inverso! Só tem uma solução para nós, se não quisermos nos tornar alvos aleatórios: promover a todo custo uma cultura de paz.
Portanto, olhe em volta, abrace, escute as crianças, os amigos, os velhos, ajude a quem precisa, divida o que tem, seja solidário, acolha sempre que puder. Vamos semear o bem porque o mal já está rendendo frutos infelizmente.