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EDITORIAL

Visão do Correio: Uso racional de medicamentos

Medicamentos bloqueiam a adrenalina e a noradrenalina, neurotransmissores ligados a respostas de luta ou fuga, e hormônios do estresse -  (crédito: Pixabay)
Medicamentos bloqueiam a adrenalina e a noradrenalina, neurotransmissores ligados a respostas de luta ou fuga, e hormônios do estresse - (crédito: Pixabay)
postado em 28/04/2023 06:00 / atualizado em 02/05/2023 13:39

A data de 5 de maio foi escolhida para marcar o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. E não é sem motivo. De acordo com entidades ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU), o hábito de tomar remédio sem prescrição pode matar 10 milhões de pessoas por ano até 2050 em todo o mundo.

No Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), quase metade dos brasileiros se automedicam pelo menos uma vez por mês e 25% usam a prática todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Ainda de acordo com o estudo, a automedicação, com o agravante de não ter orientação médica, é um hábito comum a 77% dos brasileiros.

Com a pandemia da covid-19, os especialistas acreditam que o quadro possa ter sido ainda pior, devido a questões como o isolamento social, o temor do contágio (especialmente nos dois primeiros anos), e a queda nas frequentes idas aos postos de saúde e a consultórios médicos para a obtenção de prescrições.

Embora pareça inofensiva aos olhos de muitas pessoas, "é só um simples remédio para dor de cabeça", a automedicação é uma prática perigosa, especialmente no caso de idosos. Os riscos incluem alteração na absorção das substâncias, no transporte pelo sangue, na quantidade de doses, na metabolização pelo corpo e consequente eliminação, e no consumo de superdoses ou esquecimento de alguma dose.

Muitos dos idosos, inclusive, fazem tratamentos que envolvem profissionais de várias áreas da medicina - neurologista, cardiologista, geriatra, psiquiatra, entre outros - e, há grandes chances, de um remédio interferir na eficácia de outro. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), cerca de 20 mil pessoas morrem anualmente no Brasil por causa da automedicação.

Um outro fenômeno que envolve o uso inadequado de medicação é a polifarmácia, ou seja, o uso concomitante e rotineiro de quatro ou mais medicamentos - com ou sem prescrição médica. Essa condição é vista mais comum entre pacientes portadores de doenças crônicas e em decorrência do envelhecimento que, em muitos casos, exige a utilização de múltiplos medicamentos.

Múltiplos remédios podem incluir mais de um para a mesma função, pode ocorrer interação medicamentosa (com perda de efeito de um ou mais), reações adversas, intoxicação por superdose, ineficácia de um ou mais componentes e opções contraindicadas para a condição clínica ou faixa etária do paciente.

E sem falar nas ervas, chás, óleos e sugestões de familiares, vizinhos e amigos, que podem harmonizar com os medicamentos alopáticos, mas não sem supervisão.

Nunca é demais reforçar que a prescrição de um medicamento deve ser feita por um profissional médico, além de reforçar a importância de uma revisão frequente das medicações em uso, com supervisão dos familiares e orientação do médico. É ele quem terá uma visão ampla da situação, o histórico de saúde e o estado atual do paciente.

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