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EDITORIAL

Visão do Correio: O jornalismo tem cara feminina

jornalista mulher -  (crédito: Reprodução/Freepik)
jornalista mulher - (crédito: Reprodução/Freepik)
postado em 22/04/2023 06:00

O jornalismo brasileiro tem uma cara feminina — 58% dos profissionais eram mulheres, em 2021, e 68% no passado. O estudo Mulheres e liderança na mídia: evidências de 12 mercados, feito pelo Reuters Institute, em 240 organizações de 12 países, revelou que, no Brasil, as mulheres ocupam só 13% dos cargos de liderança — a penúltima posição, ao lado do Quênia. O pior resultado é o do México, onde as mulheres ocupam 5% dos cargos de comando. Os Estados Unidos apresentam o melhor índice, com 44% das mulheres em postos de mando.

Embora os meios de comunicação condenem o racismo, a desigualdade de gênero, a misoginia, o machismo, o etarismo e quaisquer modelos excludentes e preconceituosos, nem todos, com as devidas exceções, traduzem essas posições externadas à opinião pública no ambiente de trabalho.

No Brasil miscigenado e diverso, as desigualdades de gênero e de raça são tidas como normais, apesar das reações de diferentes segmentos da sociedade, inconformados com os preconceitos, a misoginia, e o racismo. O debate sobre as vantagens da diversidade em todos os ramos da economia é muito recente.

Ainda há grupos que se insurgem contra a ideia de reverem o quadro pessoal e tentar abrir oportunidades, em condições de igualdade, às parcelas majoritárias da sociedade: mulheres (51,1%) e negros (56%). Eles contam até mesmo com o apoio de integrantes do Legislativo. Há pouco tempo, um deputado federal recorreu à Suprema Corte para impedir que uma rede do varejo desenvolvesse um programa de trainning para jovens negros. No passado, outro parlamentar, também de perfil conservador, recorreu ao Supremo Tribunal contra a adoção do sistema de cotas raciais pela Universidade de Brasília.

Estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (2021) trouxe o recorte raça/cor dos jornalistas do país: 67,8% são brancos; 20,6%, pardos; 9,3%, pretos; 1,3%, amarelos; e 0,3%, indígena. O resultado mostra que o jornalismo brasileiro é branco, e não traduz, com equilíbrio, as características do tecido demográfico nacional.

Na próxima segunda-feira (24/4), a partir das 14h30, o Correio Braziliense, em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos, promoverá uma palestra sobre a presença e a representação das mulheres na mídia dos Estados Unidos e as persistentes desigualdades que as impedem de desenvolver seu pleno potencial. A palestrante é a jornalista e diretora de Comunicação do Women's Media Center, Cristal Williams Chancellor.

Hoje, os veículos de comunicação têm acesso aos avanços da tecnologia, que conferem alta qualidade à produção dos conteúdos levados aos leitores, telespectadores e ouvintes. Impõem-se, no entanto, que haja também uma evolução humanista no setor. É fundamental reconhecer a pluralidade da sociedade brasileira, aproveitar e lucrar com as diversidades de raças e gêneros, que concentram criatividade e saberes, importantes para a prosperidade dos negócios.

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