PAULO DANTAS - Governador de Alagoas
Não há tarefa mais urgente que o combate à fome e às desigualdades sociais com mecanismos eficientes para a geração de renda. O estudo mais recente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), de dezembro de 2022, revelou que 4,2 milhões de brasileiros foram empurrados para a pobreza entre 2012 e 2021 e que o aprofundamento do fosso que separa ricos e pobres está no cerne do problema.
Acreditar que esse esforço se limita apenas aos programas de transferência de renda é um engano. Exige iniciativas criativas, reconhecidas mundialmente e amparadas em boas políticas públicas. A economia solidária, quando grupos se organizam para produzir e dividir os ganhos de forma igualitária entre seus participantes, é uma delas. São coletivos de agricultores familiares, catadores, artesãos e guias turísticos, entre dezenas de outros segmentos.
A atividade cooperada, um dos pilares desse modelo, já tem relevância significativa na economia global. Dados da International Cooperative Alliance (ICA) mostram que 12% das pessoas no mundo estão ligadas a uma entre os mais de 3 milhões de cooperativas atuantes. São centenas de milhões de trabalhadores com oportunidades de sustento.
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Em Alagoas, historicamente, temos índices sociais que nos fazem amargar posições gravíssimas nesse fosso social. Em vez de negar a realidade evidente e triste, o governo está agindo para interromper essa cronicidade. Uma das vias é, sim, pela implantação de programas de transferência de renda nacionalmente reconhecidos. O Programa Criança Alagoana (Cria) beneficia com R$ 150 por mês gestantes e mães com filhos de até 6 anos — iniciativa agora replicada pelo governo Lula. Há ainda incentivos de R$ 100 mensais para estudantes do ensino médio (Cartão Escola 10).
Mas o combate à pobreza pressupõe um conjunto de ações além da transferência de renda, e elas estão no campo criativo. Entendemos que, junto à política social, a indução da economia solidária é um motor eficiente. Temos mais de 300 cooperativas e um número ainda maior de associações que fomentam a economia solidária com sustentabilidade ambiental. Os exemplos vão desde as boas técnicas de manejo na agricultura familiar — com mais eficiência para causar menos danos ao solo — até o trabalho feito por catadores de óleo, como os da Cooperóleo, uma cooperativa que retira toneladas do produto da turística Praia do Francês e do Rio São Francisco.
Estamos igualmente desafiados a estimular a inovação nesse segmento. Partilhamos conhecimento e aprofundamos a troca com cooperativados. Não à toa, Alagoas é protagonista e pioneiro no Brasil em iniciativas voltadas ao setor. Ficamos honrados pelo lugar de benchmark conferido por autoridades com grande conhecimento do tema, como o secretário nacional de Economia Solidária, Gilberto Carvalho.
Nosso maior reconhecimento, certamente, será alcançar cada vez mais resultados positivos na ponta. Queremos absorver experiências e colaborar para a maior abrangência desses modelos produtivos. A economia solidária é viável, sem volta no cenário das necessidades da vida real, e cada vez mais sustentável.
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