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SOCIEDADE

Não é censura! conteúdos ilícitos sobre violência escolar devem ser tirados do ar

Toda denúncia precisa ser tratada como prioritária pelas big techs. É preciso que os mecanismos de identificação de ameaças, leia-se o algoritmo, sejam treinados para acionar o sinal de alerta assim que tal publicação for feita

As pichações feitas em um banheiro da Faculdade de Comunicação da UnB, por exemplo, deixaram em pânico alunos de diversos cursos na noite de terça-feira -  (crédito: Material cedido ao Correio)
As pichações feitas em um banheiro da Faculdade de Comunicação da UnB, por exemplo, deixaram em pânico alunos de diversos cursos na noite de terça-feira - (crédito: Material cedido ao Correio)
postado em 14/04/2023 06:00 / atualizado em 14/04/2023 11:24

"A verdade ou a mentira têm pouca importância na recepção de uma postagem, exceto no aspecto de que uma pessoa mentirosa tem mais liberdade para alterar os fatos que se conformem a uma narrativa provocadora. O que importa é se a postagem pode desencadear uma reação forte, geralmente de indignação."

O trecho do perturbador livro A máquina do caos — como as redes sociais reprogramaram a nossa mente e nosso mundo, de Max Fisher, ilustra bem o momento que vivemos. Em uma narrativa envolvente, o norte-americano mostra como as plataformas digitais passaram a ser o foco de duas frentes: o estímulo a comportamento extremistas e a disseminação de notícias falsas. E, dessa forma, deixa o alerta de que é importante fazer a correição e fiscalização das empresas de modo eficiente.

Por isso, vejo de forma positiva as declarações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, de que as redes sociais que não excluírem conteúdos ilícitos sobre violência escolar poderão ser retiradas do ar. A ideia do governo é utilizar o Código de Defesa do Consumidor, para aplicar sanções administrativas às plataformas que descumprirem as novas regras, como multas a até mesmo a suspensão das atividades no país.

E o assunto violência escolar precisa ser visto como prioridade pelas plataformas. Nesta semana, o medo de ataques tomou conta dos pais. Denúncias chegaram a colégios públicos e particulares, bem como instituições de ensino superior. As pichações feitas em um banheiro da Faculdade de Comunicação da UnB, por exemplo, deixaram em pânico alunos de diversos cursos na noite de terça-feira. Muitos foram embora no meio da aula com medo de que a ameaça se concretizasse — o autor das mensagens foi preso no dia seguinte pela Polícia Civil, depois da análise das câmeras de segurança.

Dessa forma, toda denúncia precisa ser tratada como prioritária pelas big techs. É preciso que os mecanismos de identificação de ameaças, leia-se o algoritmo, sejam treinados para acionar o sinal de alerta assim que tal publicação for feita. Não dá para a varredura ser feita apenas após o crime ser praticado. Prevenção aqui é mais do que necessária. Salva vidas.

Certa feita, o cientista político português João Pereira Coutinho proferiu uma frase, que se tornou célebre: "A internet não cria debates: ela cria trincheiras entre exércitos inimigos". O oponente, nesse caso específico, é comum: acabar com a violência em ambiente escolar.

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