Um novo serviço vem fascinando o mundo desde o início do ano. Criado pela empresa norte-americana OpenAI, o Chat GPT é um algoritmo baseado em inteligência artificial que se apresenta por meio de uma sala de bate-papo. Até aí, nada de diferente para quem teve que conversar com atendentes automatizados. Mas ao contrário dos chatbots tradicionais, que só entregam respostas prontas, o programa foi alimentado com volumes gigantescos de textos e treinado para criar diálogos os mais parecidos possíveis com o de um ser humano.
Não demorou para aparecerem diversos usos para ele. Os primeiros foram os programadores e desenvolvedores, que passaram a usar o Chat GPT para revisar linhas de códigos de programas e, em casos mais amplos, até usá-lo para escrever totalmente jogos e aplicativos funcionais.
Na sequência, escritores, roteiristas e profissionais ligados às áreas artísticas descobriram que o Chat GPT é um ótimo criador de cenas, diálogos e situações. Neste exato momento, vários livros totalmente escritos pelo programa — sob a supervisão de um ser humano — estão à venda na Amazon, e, acredite se quiser, recebendo boas resenhas dos leitores. Por fim, veio o público geral, que se encantou com as respostas ágeis, personalizadas e, até certo ponto, diretas que o Chat GPT oferece.
Passada a euforia inicial, os problemas do Chat GPT começaram a surgir. Por ser uma inteligência artificial baseada em linguagem, ele constrói suas respostas com base no que vai parecer mais familiar para o seu interlocutor, sem se preocupar tanto se aquilo é verdadeiro ou falso. Então, perguntas sobre eventos específicos acabaram ganhando respostas — apesar de perfeitamente compreensíveis do ponto da linguagem — completamente desconexas com a realidade. Sugestões de citações de livros foram totalmente inventadas por ele, assim como a biografia de pessoas não tão famosas assim, mas ainda sim relevantes em algum ponto.
Além disso, ele só usa as informações que estão em seu banco de dados, atualizado apenas até 2021. Portanto, ele é incapaz de conversar sobre fatos recentes, como a Guerra na Ucrânia, o resultado das eleições brasileiras ou os resultados das últimas partidas da Liga dos Campeões.
Mesmo com essas limitações, o serviço impressiona e aponta para mudanças que devem revolucionar o uso da tecnologia. Sócia da OpenAI, a Microsoft já avisou que adotará uma versão do Chat GPT no seu buscador Bing, concorrente do Google. Ou seja, em vez de vários resultados, em breve os usuários terão apenas uma resposta, mais personalizada e assertiva. Outras empresas, como a Amazon e o próprio Google, se apressaram em anunciar que estão em diferentes estágios de suas próprias versões do Chat GPT.
Não tardou, porém, para surgirem neoluditas e profetas do apocalipse que criticam o emergir da inteligência artificial, alertando que elas vão roubar empregos e substituir totalmente os seres humanos em funções diversas. Tal conclusão, porém, não poderia estar mais distante da realidade. O Chat GPT e as outras inteligências artificiais ainda são — e seguirão sendo por muito tempo — ferramentas. Por mais que impressionem nas suas interações, elas ainda dependem da inventividade humana para existir e, além disso, serem úteis. Nesse sentido, não são muito diferentes de uma chave de fenda ou um bisturi. Portanto, é pouco provável que os serviços do tipo ocupem lugares ou funções que exijam um mínimo de criatividade, inteligência ou capacidade de interpretação — justamente os atributos que nos fazem humanos.
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