TANIA ZANELLA - Superintendente do Sistema OCB
Todos os anos há uma data reservada para evidenciar as conquistas femininas nos cenários social, político e econômico. O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março em mais de 100 países, é um marco importantíssimo para a consolidação da força feminina na luta por direitos iguais. O nosso poder em incentivar, inovar e transformar histórias e ambientes é inegável. No entanto, ainda há muito a ser feito para que possamos ocupar cada vez mais posições de destaque nas mais diferentes atividades. Para que sejamos ouvidas para fazer a diferença em todos os setores da economia.
Sabemos da nossa competência e dos resultados que podemos alcançar. Por isso, para além de uma única data comemorativa, precisamos de reconhecimento. Dentro de nossas casas, a ordem, a contabilidade e os investimentos passam por nós. Essas habilidades podem e devem ser cada vez mais utilizadas em favor do serviço público, do mundo corporativo e do nosso movimento cooperativista.
Na posição de superintendente da entidade que representa o cooperativismo brasileiro, tenho certeza de que somente aumentando a presença feminina em cargos estratégicos serão sanados os tabus de que mulher não deveria tomar assentos em posições tão altas. Precisamos continuar nos capacitando para que nossa presença em cargos de liderança seja comum e não uma excepcionalidade.
No coop temos lutado diariamente para que isso aconteça, para que espaços e assuntos de interesse geral ganhem mais porta-vozes mulheres. Quero ver mais e mais diversidade, mulheres de outras realidades, diferentes dos estereótipos criados pela mídia, com opiniões diversas e posicionamentos que sejam realmente ouvidos e considerados nas discussões mais acirradas e sobre os mais distintos temas.
Saiba Mais
O direito à voz é fundamental. A voz é parte de nós e também é nosso o direito de decidir o que fazer com ela. Mas tão importante quanto é sermos ouvidas. Quanto mais formos ouvidas, mais espaços conquistaremos. E a liderança é um caminho vital para que isso aconteça, assim como união e o trabalho coletivo, bases do cooperativismo. É claro que não podemos deixar de aproveitar a data para denunciar, questionar e relembrar os inúmeros problemas que vivenciamos e que lutamos todos os dias para combater, mas é preciso que lembremos diariamente que esse não é único momento disponível. Também não podemos nos concentrar apenas nos problemas. Precisamos agir e a liderança é uma ferramenta que contribui muito nesse sentido.
Atualmente, as iniciativas voltadas para o ESG, as três letrinhas que passaram a ser muito citadas no mundo corporativo e a integrar o modelo de negócios de qualquer organização, é uma oportunidade a mais para que as mulheres consigam estar cada vez mais em cargos estratégicos. A responsabilidade ambiental, o cuidado social e a boa gestão e governança são premissas com as quais o universo feminino sempre esteve atrelado e, por isso, possuímos, de antemão, a familiaridade necessária para coordenar, comandar e concretizar as metas que vêm sendo estabelecidas praticamente em todo o mundo. Somos, efetivamente, fundamentais para que as mudanças econômicas, sociais, ambientais e políticas aconteçam de forma inclusiva, sem deixar ninguém para trás.
Tivemos um longo período sem a mulher ocupar papéis de liderança e há mais de um século pedimos espaço para escrever nossos livros, criar nossos empreendimentos, inovar, cuidar, liderar, enfim, realizar todo o nosso potencial. Cuidar, por exemplo, é maravilhoso e aquece o coração. Assim como criar condições para que outros se desenvolvam é realmente realizador. Liderar uma equipe, uma organização ou um país não deve ser visto como algo extraordinário quando feito por uma mulher. Tem que ser comum, corriqueiro, algo normal. Um único dia, portanto, não é suficiente para abarcar tudo o que temos para dizer, demonstrar, ressaltar. Precisamos do calendário todo. Desejo para todas nós, mulheres, mais espaço e mais voz. Vamos juntas.