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Artigo: Amigo Gil

Entre os grandes nomes da MPB, é com Gilberto Gil que tenho maior afinidade. Demonstrações de amizade tenho recebido do eterno tropicalista ao longo do tempo. Quando retornei das férias, na última quarta-feira, fui abordado pelo companheiro de Redação Francisco Artur Filho — baiano como eu — que esteve em Salvador, cobrindo o carnaval.

Dele ouvi este relato: "Fui ao Camarote Expresso 2222 e entrevistei o Gilberto Gil. Quando eu disse que era do Correio Braziliense, ele perguntou por você, fez comentário sobre seu trabalho e lhe mandou um abraço".

Explico: O nome dado ao camarote, instalado no Edifício Oceania, localizado quase em frente ao Farol da Barra, foi em comemoração aos 50 anos do icônico LP Expresso 2222. O disco marcou o retorno de Gil ao Brasil, após exílio de dois anos em Londres — por determinação da ditadura militar.

A primeira vez que estive frente a frente com Gil foi em 1975. Ele havia vindo a Brasília para apresentar o show Refazenda, no ginásio de esportes do Colégio Marista, na 609 Sul. Um dia antes, eu o entrevistei no gramado do Brasília Palace Hotel, para o Correio.

Dali em diante conversei com o cantor e compositor baiano, quando do lançamento de discos, e todas as vezes em que ele esteve na capital federal para shows. Foram muitos e nos mais diversos locais — Sala Villa-Lobos, Ginásio Nilson Nelson, Concha Acústica, Minas Brasília Tênis Clube, Teatro da Unip e no Ceilambódromo.

Mas foi no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, onde ele mais cantou. Num deles, ao lado de Caetano Veloso, quando os dois comemoraram 50 anos de carreira. O mais recente, em 23 de setembro de 2022, na companhia de filhos e netos, deu sequência à turnê iniciada na Europa.

Fora de Brasília, assisti às apresentações de Gil em duas oportunidades. Uma, em 1995, no antigo Metropolitan, na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro), onde ele dividiu o palco com Stevie Wonder. Em fevereiro de 2021, o aplaudi durante um megaconcerto, na concha acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador.

Gilberto Gil morou em Brasília no período em que ocupou o Ministério da Cultura, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Certa vez, recebi uma ligação de Luis Turiba, que era o assessor de imprensa, transmitindo um convite de Gil para uma conversa em seu gabinete. Estive lá e batemos um longo e proveitoso papo. Estive presente, também, quando ele autografou o livro Gilberto Gil — Todas as letras, coordenado pelo poeta paulistano Carlos Rennó. Ganhei um abraço e, obviamente, levei a obra autografada para casa.

De Gal Costa a Skank, vários artistas da MPB gravaram composições de Gilberto Gil. Os mais recentes foram Délia Fischer e Ricardo Bacelar no álbum Andar com Gil, lançado no final de janeiro, nas plataformas digitais.O repertório do CD traz canções como A paz, Aqui agora, Palco, Oriente, São João Xangô Menino, Se eu quiser falar com Deus e, claro, Andar com fé. O autor desses clássicos participa da nova versão de Prece.

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