A medicina evoluiu muito, assim como a capacitação dos profissionais de saúde, mas há determinadas doenças que literalmente ainda dão muita dor de cabeça às equipes médicas e às pacientes, e aqui estamos falando de grande parcela das mulheres afetadas pela endometriose.
Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública, responsável por impactar a qualidade de vida feminina, a endometriose acomete 180 milhões de mulheres no mundo em idade reprodutiva e, destas, em torno de 4% no Brasil. Ou seja, mais de 7 milhões de brasileiras têm esse diagnóstico.
A endometriose ocorre quando o endométrio — tecido que reveste o interior do útero — se desenvolve e cresce fora do útero, na cavidade abdominal. Esse tecido geralmente se implanta no ovário, na superfície externa do útero, na alça intestinal ou em outro órgão pélvico.
Além dos sintomas que por muitas vezes são dolorosos — dores, inchaço, sangramentos, fibrose, aderência e até incapacitação para o trabalho —, há casos em que a mulher é impedida de ter filhos, com comprometimento uterino e até mesmo sendo necessária a retirada do órgão.
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Como citado no início, nem mesmo todo o avanço tecnológico faz com que a situação da mulher com endometriose seja resolvida em pouco tempo. Um estudo desenvolvido por médicos do Instituto de Saúde Materno-Infantil Burlo Garofolo, das universidades de Trieste e Udine, na Itália, mostra que o diagnóstico definitivo pode levar, em média, entre cinco e 10 anos.
A questão é que os sintomas da endometriose podem se assemelhar aos incômodos do período menstrual, o que acaba por adiar o diagnóstico. Também é comum mulheres descobrirem que têm a doença crônica quando estão tentando engravidar, mesmo porque a endometriose avançada é uma das causas da infertilidade. E os anos vão passando e a mulher se vê privada de ser mãe.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a expectativa é o registro de 7.840 novos casos de câncer do corpo do útero (endométrio) no Brasil para o triênio 2023-2025. Com isso, o diagnóstico precoce torna-se mais do que necessário para reduzir esses números. Por isso, não só a mamografia precisa integrar o checape das mulheres todos os anos, mas também a ultrassonografia da pelve, exame capaz de rastrear as hiperplasias do endométrio e os pólipos, sendo estes últimos lesões que podem evoluir para um câncer.
A boa notícia (ainda resta uma) é que há tratamentos eficazes para a endometriose — seja a videolaparoscopia, que cauteriza os focos e retira as aderências; seja o uso de pílula anticoncepcional continuada, progesterona ou dispositivo intrauterino (DIU). Em pleno Março Amarelo, campanha que reforça o Mês Mundial de Conscientização sobre a Endometriose, é fundamental que as autoridades em saúde se atentem ao tema para que mulheres brasileiras tenham a oportunidade de conhecer melhor a própria autonomia, além de manter um diálogo aberto e primordial com as pacientes.
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