Recente estudo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostrou que em dezembro de 2022 o Brasil concentrou o maior número de usuários de planos de saúde dos últimos oito anos. Ao todo, foram quase 50,5 milhões de pessoas, um recorde desde dezembro de 2014, e um crescimento de mais de 1,59 milhão de beneficiários se comparado aos números do mesmo mês, em 2021. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro estão entre os estados com maior quantidade de clientes em números absolutos. Pessoas acima dos 40 anos são, atualmente, as mais interessados em adquirir planos de saúde.
Não somente os planos médicos. Os odontológicos também tiveram resultados significativos. Atualmente, o Brasil concentra quase 31 milhões de beneficiários nesse segmento. No último ano (2021/2022), o crescimento foi superior a 2 milhões de novos usuários, com destaque também para os três estados mais populosos do Brasil. No entanto, a faixa etária mais preocupada com os dentes baixou com relação aos planos de saúde. A maior procura por profissionais da odontologia gira em torno de pessoas de 30 a 34 anos. E em segundo lugar, um dado interessante: bebês com até um ano de idade, o que demonstra a preocupação dos pais com a saúde bucal dos recém-nascidos.
No entanto, embora a prestação de serviços via Sistema Único de Saúde (SUS) — no qual se pretende universal, integral e equânime — tenha sido ampliada ao longo das últimas décadas (o SUS completa 33 anos em 2023), o acesso à saúde ainda é um entrave para a maioria da população.
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De 2020 em diante, a situação piorou. Partindo da premissa de que a classe média diminuiu de 51% para 47% (Instituto Locomotiva/2020) durante a pandemia, atingindo em cheio essa parcela dos brasileiros, que deixou de consumir R$ 247 bilhões em produtos e serviços, a reinvenção dos hábitos impactou profundamente o consumo diário, a mensalidade escolar e, logicamente, as famílias que ainda tinham plano de saúde e abandonaram o benefício devido aos altos custos.
Resultado: sobrecarga do SUS com consequente superlotação dos postos de saúde e falta de remédios, redução das cirurgias eletivas em prol dos serviços destinados a pacientes com COVID, além do aumento do preço dos medicamentos e equipamentos, em decorrência da falta de insumos em todo o mundo por causa do coronavírus.
Aliado a isso, as operadoras de saúde — grandes, médias ou pequenas — se queixam de prejuízos operacionais ano após ano. Mesmo em 2022, cuja expectativa era de que houvesse um retorno à normalidade, isso não ocorreu e as despesas assistenciais (internação, tratamentos e cirurgias etc.) somente cresceram. Sem falar no rol taxativo, derrubado em 2022, exigindo que operadoras de assistência à saúde ofereçam cobertura de exames ou tratamentos que não estão incluídos no rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, além de não limitar o número de consultas e sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapias.
De acordo com a Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), caso os padrões na regulação e na legislação não mudem e toda a sociedade possa discutir o real papel dos planos de saúde e da prestação pública de serviços assistenciais, será mais um ano triste para a saúde. O governo pode aproveitar a onda de boas intenções comum em início de gestão e dar a devida atenção ao segmento.
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