Não há melhor forma de reduzir as desigualdades sociais que o crescimento econômico. Quando a atividade produtiva avança, emprego e renda andam juntos, reforçando a sensação de bem-estar da população. Esse deve ser o objetivo principal de qualquer governo. Infelizmente, nas últimas três décadas, o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, mostrou-se errático, muitas vezes por decisões equivocadas na condução da economia. O sentimento que imperou na sociedade foi sempre o de frustração.
Portanto, passou da hora de o Brasil se reencontrar com o crescimento econômico. Mas isso só será possível se todos os atores públicos e privados se unirem em torno de um projeto que seja sustentado e factível. De nada adiantarão promessas mirabolantes se, mais à frente, imperar o desapontamento. Todos sabem que o país tem enorme potencial. Tanto que, mesmo com os recentes problemas políticos, os investidores estrangeiros continuaram despejando recursos na economia. No ano passado, foram mais de US$ 90 bilhões, quase o dobro do observado em 2021. Na preferência do capital externo, o Brasil só ficou atrás das duas principais potências do planeta, Estados Unidos e China. Um feito, ressalte-se.
As perspectivas, porém, não são as melhores. Dados divulgados na última quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram queda de 0,2% no PIB no último trimestre de 2022, reforçando que a produção e o consumo começaram o ano com o pé no freio. Há incertezas no horizonte, sobretudo em relação à inflação e às contas públicas. As projeções para o custo de vida encostam nos 6%, bem distante da meta de 3,25% perseguida pelo Banco Central, e falta o novo arcabouço fiscal, em substituição ao teto de gastos, que o governo promete divulgar nos próximos dias. A economia depende, fundamentalmente, de um ativo: previsibilidade. É o que se espera ao longo de 2023.
Os impactos maiores se fazem presentes em duas das principais alavancas da economia: a indústria, que recuou 0,3% entre outubro e dezembro ante os três meses imediatamente anteriores, e os investimentos, que tombaram 1,1% na mesma base de comparação. São setores que dependem muito das taxas de juros, que, neste momento, estão nos níveis mais altos em seis anos. A taxa básica (Selic), definida pelo Banco Central e que serve de parâmetro para a formação do custo do dinheiro, está há meses em 13,75% ao ano. Para que ela possa baixar, no entanto, é preciso a garantia da responsabilidade fiscal, com a qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se comprometeu, e de que a inflação voltará às metas.
É preciso reconhecer que não será uma caminhada fácil até que a economia recupere as forças. Mas os responsáveis por recolocá-la nos trilhos devem, a todo momento, dar sinais concretos de que não haverá aventuras nem retrocessos. A responsabilidade aumenta porque o país não poderá contar com o mundo, como em vários momentos das últimas duas décadas. A previsão é de que a atividade global ande devagar, com algumas potências, como Estados Unidos e Alemanha, flertando com a recessão. A China, principal parceiro comercial do Brasil, aponta desempenho melhor que o esperado, depois de sair de um duro confinamento por causa de um forte surto do novo coronavírus.
Sendo assim, que se faça o dever de casa. Sem bravatas, a confiança será restabelecida, e os agentes econômicos se sentirão confortáveis para tirar das gavetas projetos de investimentos que vão resultar em mais empregos e em aumento da renda, tão corroída pela inflação alta. Os brasileiros estão ávidos por tempos melhores. Que os seus anseios sejam, enfim, atendidos.
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