VICTOR BICCA - Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir)
A discussão sobre a reciclagem no país entrou em outro patamar na última semana com os dois decretos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles representam um passo muito importante para o fortalecimento da atividade dos catadores de materiais recicláveis, para a defesa dos direitos desses profissionais e para que ocupem o merecido lugar de protagonistas na caminhada que o país está empreendendo rumo à economia circular e a um futuro mais sustentável.
O primeiro decreto institui o Programa Diogo Sant'ana Pró-Catadoras e Catadores para a Reciclagem Popular, que recria e atualiza o antigo Programa Pró-Catador. O segundo revoga o Recicla , lançado no ano passado, e institui três novos instrumentos para favorecer os catadores na logística reversa: o Certificado de Crédito de Reciclagem, o Certificado de Estruturação e Reciclagem de Embalagens em Geral, e o Crédito de Massa Futura.
São medidas como essas que dão a estrutura necessária para que a reciclagem avance no país. Ela tem crescido muito, mas sabemos que há um longo caminho a percorrer. E temos a convicção de que ele passa pelo apoio e a valorização desses trabalhadores, que são fundamentais para que as empresas, pequenas, médias e grandes, possam cumprir os ambiciosos compromissos ESG.
Saiba Mais
Na cerimônia no Palácio do Planalto, a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, destacou que as medidas assinadas pelo presidente para apoiar esse segmento da sociedade fazem parte de "um compromisso ético e político de cuidar do meio ambiente ao mesmo tempo em que se cuida das pessoas". O setor de bebidas não alcoólicas que, como presidente da Abir eu represento, está em total consonância com essa filosofia.
Hoje, as empresasdo setor são as que têm o melhor portfólio de circularidade do Brasil: 57% das garrafas PET e 99% das latas de alumínio são recicladas e todo o vidro é retornável. Os catadores, grandes parceiros da indústria, têm um papel fundamental nesses resultados.
Já temos, até, um dever de casa antecessor aos novos decretos com o protocolo de informações com a Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), assinado em dezembro na Expocatadores. Tenho certeza de que, diante desse novo contexto e das possibilidades que se abrem para o fortalecimento da classe, muito será feito.
A união de esforços no avanço da gestão de resíduos envolve responsabilidades compartilhadas entre indústria, sociedade e governo. E o reconhecimento aos catadores de materiais recicláveis logo no início deste ano, com compromissos públicos firmados, é a sinalização de importante avanço rumo a soluções práticas de uma agenda complexa mas de vital importância.