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Artigo: Revolução ibérica

"Estamos diante de uma Revolução Ibérica na Inglaterra e no Brasil. Houve até técnico espanhol trabalhando por aqui recentemente: Miguel Ángel Ramírez (Internacional) e Miguel Ángel Portugal (Athletico-PR)

Nunca antes na história do futebol a escola ibero-americana de técnicos esteve tão valorizada em dois países protagonistas do desenvolvimento do esporte mais popular do mundo. Inventora da versão moderna do jogo, a Inglaterra emprega na Premier League seis treinadores nascidos na Espanha. Eles representam 30% dos 20 profissionais vinculados a clubes da liga mais badalada do planeta. Recorde por lá!

O Campeonato Brasileiro começará, em abril, com sete técnicos portugueses. Recorde aqui! Isso, óbvio, se não houver demissões. Dos 20 comandantes da elite, 35% são lusitanos. Maioria entre os 10 estrangeiros. Os demais são argentinos e um uruguaio.

Outras coincidências unem o sucesso dos portugueses no Brasil e dos espanhóis na Inglaterra. Os dois times campeões nacionais na temporada passada são escalados por professores nascidos na Terra de Camões. A Supercopa do Brasil foi decidida entre o Palmeiras, de Abel Ferreira, e o Flamengo, de Vítor Pereira. Em tese, ambos são favoritos ao título da Série A devido ao investimento, elencos fortes e o retrospecto recente. Alviverdes e rubro-negros conquistaram quatro das últimas cinco edições do Brasileirão. Apenas o Atlético-MG interrompeu a sequência.

Enquanto isso, dois espanhóis protagonizam a disputa pelo título da Premier League. Mikel Arteta ocupa a dianteira pelo Arsenal com dois pontos de vantagem sobre o vice-líder Pep Guardiola, maestro do Manchester City. Arteta é cobra criada de Guardiola. Foi assistente dele. Um aprendiz de feiticeiro.

Portanto, estamos diante de uma Revolução Ibérica na Inglaterra e no Brasil. Houve até técnico espanhol trabalhando por aqui recentemente: Miguel Ángel Ramírez (Internacional) e Miguel Ángel Portugal (Athletico-PR).

A redescoberta portuguesa do Brasil tem a ver com o sucesso continental de Jorge Jesus e Abel Ferreira. Ambos abriram portas para que Renato Paiva (Bahia), Luis Castro (Botafogo), António Oliveira (Coritiba), Vítor Pereira (Flamengo) e Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino) figurem na primeira divisão do país.

Na Inglaterra, quatro das últimas cinco versões da Premier League foram arrematadas por Pep Guardiola. O catalão abriu as portas para que a Espanha quebrasse o recorde nesta edição. Além dele, trabalham lá Mikel Arteto (Arsenal), Unai Emery (Aston Villa), Javi Gracia (Leeds United), Rubén Sellés (Southampton) e Julen Lopetegui (Wolverhampton). Há um português também. Marco Silva (Fulham) explora a porta aberta por José Mourinho.

A conquista dos mercados inglês e brasileiro tem contrastes. As últimas três edições de La Liga, o Campeonato Espanhol, foram vencidas por treinadores estrangeiros: o francês Zinedine Zidane, o argentino Diego Simeone e o italiano Carlo Ancelotti. O Português não coroa técnico de fora há 16 temporadas. Líder, o alemão Roger Schmidt deve quebrar o tabu pelo Benfica.

A Revolução Ibérica dá uma lição de maturidade no Brasil, que resiste a ter técnico importado na Seleção. Espanha e Portugal ostentam profissionais de ponta para consumo interno e externo, porém não vivem fechados numa caixinha. Estão abertos a ensinar e aprender.

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