Neste mês, dois dias marcam o combate às drogas e ao alcoolismo, em 18 e 20 de fevereiro. Coincidentemente, em pleno carnaval brasileiro. Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) considere a dependência em drogas — seja lícita, seja ilícita — uma doença, a pessoa se assumir adicta ainda é um desafio.
O álcool e o cigarro continuam liderando o ranking de drogas lícitas mais consumidas no Brasil. Ambas, juntas ou separadas, podem causar problemas cardíacos, respiratórias, câncer, impotência sexual, depressão, entre tantos outros problemas. De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em 2020, mais de 11 mil mortes foram relacionadas a transtornos mentais e comportamentais em decorrência do uso de álcool e outras drogas.
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Um outro estudo de 2020, da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que o consumo de álcool foi responsável por uma média de 85 mil mortes por ano durante o período de 2013 a 2015 nas Américas. Em 2021, Belo Horizonte foi eleita a capital com o maior consumo abusivo de álcool do país: 25,2% dos belo-horizontinos, com 18 anos ou mais, consumiram mais de quatro doses de bebidas alcoólicas em 30 dias. A capital mineira foi seguida por Vitória (ES), com 23,28%, e Cuiabá (MT), com 23,17%.
Outras drogas lícitas — como remédios sem prescrição médica, anorexígenos e anabolizantes — também na lista dos mais vendidos causam danos ao fígado, rins e estômago, além de rompimento de veias e outros problemas físicos e mentais.
Recentemente, inclusive, foi noticiado o temor das drogarias quanto à possibilidade de desabastecimento de semaglutida, medicamento para diabetes tipo 2, que tem sido usado "off-label" para tratar a obesidade, virando uma febre nos consultórios médicos e nas rodas de conversa, especialmente entre as mulheres. Os pontos de venda se isentam da responsabilidade, já que na bula não há indicação para a redução de peso. Enfim, Brasil sendo Brasil.
Com relação às drogas ilícitas, a situação não é muito diferente. Em todo o mundo, a OMS estima que cerca de 5% da população, com idades entre 15 e 64 anos, consome drogas ilícitas e sofre com os malefícios — prejudicando não somente o usuário, como a família e os amigos e alimentando o tráfico e a dependência química. O Relatório Mundial sobre Drogas, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), aponta que 11,2 milhões de pessoas no mundo usaram drogas em 2020. Cerca da metade desse montante vivia com hepatite C, 1,4 milhão com HIV, e 1,2 milhão com ambos.
Para reduzir esses números, políticas públicas voltadas para a prevenção, além de ações de conscientização, nunca foram e não serão o bastante, mas necessárias. Aliado a isso, o envolvimento de toda a sociedade, com destaque para uma abordagem multidisciplinar, e tratamentos intervencionistas e acompanhamento aos dependentes e às suas famílias. Somente assim será possível iniciar um processo de desintoxicação de todos.