Fevereiro é aquele mês em que crianças e adolescentes se despedem das férias e retornam, cheios de expectativas e ansiedade, para o início de mais um ano letivo. Nos últimos três anos, entretanto, essa tradição foi, de certa forma, quebrada. A pandemia do novo coronavírus interrompeu o fluxo normal das atividades educacionais, impondo restrições como distanciamento social, uso de máscaras, cancelamento de dinâmicas em grupo e as aulas on-line ocorrendo via computador. O ritmo de ensino foi alterado, com horários flexíveis, professores atuando como facilitadores e a tecnologia trabalhando em favor da didática. Uma nova forma de aprender e estudar foi instituída como padrão.
Agora, com a vacinação em massa, o susto passou. A covid-19 ainda incomoda, mas não paralisa. Ao contrário do ano passado, pais estão mais seguros em relação à ida dos filhos para o convívio social. E as escolas materializadas em prédios, esvaziadas, voltaram a ficar cheias de vida, com salas de aula completas, estudantes e professores se cruzando pelos corredores, colegas compartilhando abraços na hora do recreio, o sinal tocando a cada mudança de turno — toda aquela agitação típica de um ambiente destinado ao saber, mas também ao lazer. A vida escolar, enfim, voltou ao normal. Mas, afinal, o que pode ser definido como normalidade agora?
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Se a pandemia trouxe algo bom para a educação, foi a certeza de que, para aprender, não é estritamente necessário estar na frente de uma lousa, com livros e cadernos nas mãos. Os métodos de ensino a distância — tão debatidos na comunidade acadêmica por anos — foram, enfim, testados e não serão abandonados. Não se tem uma unanimidade em relação à adoção, em definitivo, de um modelo híbrido de educação, mas a realidade está aí — palpável, possível, e não é que dá para investir nela?
Não é de hoje que a internet é utilizada como ferramenta de pesquisa. Agora está comprovado que ela também é poderosa como meio de interlocução pedagógica. O conhecimento está a um clique. Mas o processo de ensino necessita de método, foco, disciplina e relações interpessoais. O acompanhamento pedagógico de qualidade é imprescindível e a figura do professor não deve ser substituída, em hipótese alguma, nesse novo modelo. Ainda que os livros estejam dando lugar a dispositivos eletrônicos, não há inteligência artificial que represente o papel vital dos docentes em um processo de aprendizagem — como previu, lá em 2018, bem antes da pandemia, um especialista em educação chamado Anthony Seldon.
Esperamos que se concretize uma automação do ensino, desde que ela não se configure na presença de robôs em lugar de professores de carne, osso e alma. Não há máquina humanóide capaz de provocar a transformação que o mundo precisa — e só é capaz de alcançar por meio da educação.