EDITORIAL

Visão do Correio: O câncer sob vários ângulos

Mil drogas para mil cânceres. Neste sábado, no Dia Mundial de Luta contra o Câncer, o momento é de pesar pontos positivos e negativos na batalha contra essa doença que ainda é a segunda principal causa de morte no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. Até o fim deste ano, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 78.100 novos casos serão diagnosticados no Brasil, com destaque para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O levantamento do Inca aponta ainda que os cânceres mais incidentes em 2023 serão os de próstata e mama feminina, que correspondem a 10,2% e 10,5% do total de tumores, respectivamente. E as expectativas serão ainda piores nos próximos anos. Até 2030, diversas cidades e regiões do Brasil estarão enfrentando o câncer como a principal causa de mortes.

Mesmo com toda a evolução tecnológica na medicina, aliada à qualificação dos profissionais da saúde, os altos índices de pessoas com câncer decorrem de questões multifatoriais. A enorme dimensão geográfica do país, com todas as suas idiossincrasias, desigualdades sociais e econômicas, infraestrutura deficitária na área de saúde, dificuldade de acesso aos serviços básicos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o diagnóstico tardio, muitas das vezes, contribuem em alto grau para a grande incidência da doença.

No outro extremo, medicamentos cada vez mais inteligentes, mais específicos para cada tipo de tumor, tratamentos mais assertivos (imunoterapia, testes genéticos e terapia-alvo dirigida), menos tóxicos e altamente eficazes, além da ampliação da sobrevida do paciente (nos casos de cânceres de pulmão, estômago, intestino, pâncreas etc.).

Os exames de rotina da mama, por exemplo, no caso de mulheres entre 50 e 69 anos, funcionam razoavelmente bem. Quanto mais precocemente um nódulo for detectado, as chances de cura são ainda maiores, podendo chegar até a 90%.

Isso serve também para alguns cânceres de próstata e de pênis. Dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/Datasus) do Ministério da Saúde mostram que em 2022 foram registrados de janeiro a novembro 1.933 casos de câncer de pênis no país e 459 amputações do órgão. Esses números poderiam ser menores se, diante de uma ferida que não cicatriza, os homens procurassem um médico.

A boa notícia é que os especialistas garantem que 30% de todos os casos de câncer podem ser evitados com a prevenção primária, ou seja, por meio de mudanças simples no estilo de vida, como priorizar o consumo de alimentos naturais, manter o peso de acordo com a idade e altura, fazer exames rotineiramente, e praticar pelo menos duas horas e meia (150 minutos) de atividades físicas por semana. Não é uma fórmula mágica, é autocuidado. Às autoridades públicas, o apelo para que invistam em campanhas de conscientização e prevenção.

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