O Observa Infância, da Fiocruz, fez um alerta na terça-feira: nenhum estado alcançou a meta de imunizar 95% das crianças com as duas doses contra o sarampo. A maioria ficou em 57%, portanto, bem abaixo da cobertura vacinal.
Santa Catarina, a unidade da Federação que mais imunizou crianças com as duas doses, também aparece aquém da meta estipulada: atingiu 70%. A situação mais alarmante é a do Pará, onde o esquema completo da vacina não passou de 28%.
Fato é que a cobertura vacinal vem caindo no Brasil. Em parte, pela percepção errônea da população de que uma série de doenças não oferece mais perigo. O panorama é agravado pela escassez de campanhas de comunicação — outrora feitas massivamente —, alertando a sociedade para a importância da imunização. Além disso, houve, nos últimos quatro anos, as investidas de autoridades públicas contra imunizantes.
Saiba Mais
O sarampo é altamente contagioso e se dissemina fácil. As complicações são terríveis: surdez, cegueira, transtornos neurológicos e até a morte. O mais cruel — e criminoso — é crianças sofrerem com sequelas e correrem risco de vida quando há forma de evitar esse mal. A proteção é a vacina, aplicada gratuitamente.
Destaco o que diz o artigo 14, parágrafo 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente: "É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias". A Constituição também frisa, no artigo 227, que "é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação (...)".
Felizmente, o novo governo mostra disposição para fazer o Brasil voltar a ser um exemplo de imunização. O Ministério da Saúde divulgou, na terça-feira, o cronograma do Programa Nacional de Vacinação 2023, que começará neste mês. A titular da pasta, Nísia Trindade, enfatizou a urgência das ações: "Estamos diante de um cenário de baixas coberturas. Foi atacada a confiança da nossa população nas nossas vacinas. É fundamental retomar a rotina de vacinação para evitarmos epidemias de doenças, inclusive, já controladas".
Se há criança em sua casa com doses atrasadas, contra sarampo ou qualquer outra doença, procure o posto de saúde e coloque o calendário em dia. Vacinas são seguras e eficazes, atestadas por autoridades de saúde do mundo inteiro.