Lá se foi o primeiro mês do ano, época de férias escolares e aquecimento no setor de viagens. Trata-se de um bom momento para o Brasil reavaliar se está fazendo o dever de casa quando o assunto é fluxo turístico.
O país que reúne Amazônia, Pantanal e incontáveis belezas naturais, no entanto, não tem cumprido essa tarefa de forma inteligente nos últimos anos. Basta ver a posição que ocupamos na movimentação turística. Enquanto o México, por exemplo, recebe cerca de 41 milhões de visitantes por ano, o Brasil atrai 6,3 milhões — os números são de antes da pandemia de covid-19.
Uma teia de fatores complexos resulta nessa defasagem. Faltam políticas públicas modernas para fomento e incentivo ao turismo brasileiro. Elas precisam fortalecer os circuitos turísticos. No geral, a carência de infraestrutura ainda é notória nos destinos de viagem. Falta investimento em sinalização, segurança, infraestrutura rodoviária, além de ampliação de serviços e qualificação de mão de obra.
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Quando o mercado é magro, é natural que haja muito espaço para crescer. O potencial de geração de emprego e renda no setor do turismo brasileiro, por exemplo, é formidável. As previsões são bastante positivas. Em 2023, a expectativa é de um crescimento de 53,6% em comparação a 2022. A projeção foi realizada com base nos resultados do terceiro trimestre do ano passado. Naquele momento, mais da metade das empresas entrevistadas afirmou ter elevado em 100% (ou mais) o faturamento, em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são do boletim da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).
Obviamente que o fator pandemia foi o principal responsável pela derrubada do fluxo turístico nos últimos dois anos em todo o mundo, já que o planeta viveu tempos de isolamento social. A previsão é que a recuperação completa do segmento ocorra até o final deste ano, quando o setor deverá atingir os mesmos patamares de faturamento de 2019, conforme estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em parceria com o Sebrae.
O calendário também ajudará o turismo brasileiro. Em 2023 serão nove feriados prolongados, com 11 datas comemorativas no total, incluindo os dias facultativos. É também nisso que os agentes do turismo confiam. De acordo com as projeções da FGV, o setor precisa recuperar os R$ 116,7 bilhões perdidos por conta da crise sanitária. Para compensar essas perdas, a estimativa é que essa área precisará crescer, em média, 16,95% ao ano, e alcançar um PIB de R$ 355 bilhões em 2023. Missão difícil, mas possível.
Outro indício de melhoria foi divulgado pelo Banco Central na semana passada. Os estrangeiros deixaram no país US$ 4.952 bilhões em 2022. O montante representa um crescimento de 68% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados US$ 2.947. O número também mostra uma alta de 62,6% em comparação a 2020, ano do início da pandemia.
Em meio a esse passivo, atrapalha bastante a suspeita de que a chefe da pasta, a ministra Daniela Carneiro, tenha algum tipo de associação com representantes de milícia. O governo precisa se manifestar de forma peremptória sobre essa acusação. Qualquer ruído pode colocar em risco o planejamento estratégico do setor.