A grandeza e a perenidade de uma nação podem ser observadas pelo modo como a sociedade e o governo preservam o seu legado para a humanidade. Não faltam exemplos de civilizações que superaram a barreira do tempo, atravessaram séculos de história e permanecem referência no mundo, tanto no Ocidente quanto no Oriente. Basta recordar a herança proveniente da Roma dos Césares, com extensões no direito, na engenharia e nas artes; o monumental tesouro arquitetônico do Egito e da Grécia Antiga; os valores humanistas estabelecidos pela França a partir de 1789.
O Brasil também possui riquezas únicas. À semelhança de outros países, o patrimônio nacional pode ser dividido, em linhas gerais, em material e imaterial. A primeira categoria inclui monumentos, sítios e localidades, naturais ou fruto de obra humana, que se destacam pela sua originalidade e relevância. Apenas para citar alguns, registre-se como parte dessa lista o Plano Piloto de Brasília, ou o conjunto arquitetônico de Olinda, Salvador e Ouro Preto. O patrimônio imaterial, por sua vez, abrange tesouros menos tangíveis, mas de extrema importância. O samba, o forró, a culinária brasileira figuram nesse rol.
Nesta terça-feira, os Diários Associados promovem um debate sobre os desafios de manter Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade. Com transmissão pelas redes sociais do Correio Braziliense, jornal fundado no mesmo dia da inauguração da capital federal em 1960, especialistas e autoridades discutirão o atual estágio da cidade que exerce um papel vital para o país. Desde suas origens, Brasília representa a amálgama nacional, pois atrai cidadãos de todas as regiões brasileiras, é palco de debates que mobilizam o país e reúne o poder central da federação. No início e sempre, Brasília é a síntese do Brasil.
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Os atentados ocorridos em 8 de janeiro, com a invasão e a depredação dos símbolos da República, golpearam esse patrimônio que pertence não apenas aos moradores do Distrito Federal, mas a todos os brasileiros. A infâmia praticada por falsos patriotas ofende gravemente o legado construído e mantido por gerações que dedicaram a vida para tornar o Brasil um país mais democrático, mais desenvolvido e mais justo. De forma criminosa, repugnante e grotesca, esse ardil atingiu um patrimônio nacional. Mas sabemos que o descaso e a violência contra os tesouros brasileiros não se resumem a esse evento. Diária e constantemente, riquezas culturais e naturais do Brasil são alvo de agressão, negligência e esquecimento.
No evento, denominado Entre Eixos — Quem ama preserva, os convidados debaterão o que precisa ser feito para evitar que barbáries semelhantes à cometida em Brasília no início do ano não se repitam. Buscar-se-á apontar soluções que combatam o desprezo pelos símbolos nacionais, pela história brasileira e pela contribuição de muitos em favor do país.
Nesse sentido, é fundamental implementar uma educação patrimonial — e não apenas no ambiente escolar. Não faltam razões para cidadãos e autoridades se conscientizarem de que preservar a história do Brasil é assegurar a identidade de uma nação. Zelar pelo patrimônio nacional significa garantir que futuras gerações tenham acesso ao conhecimento de um país que construiu e preservou, à custa de muito esforço, maravilhas como a Praça dos Três Poderes, o centro histórico de Diamantina, o Pantanal ou a Amazônia. Trata-se, em suma, de cuidar para que o Brasil permaneça no caminho da posteridade.
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