Passados os quatro dias oficiais de festa e enquanto os foliões se despedem dos blocos que seguem até o fim de semana, é hora de começar a fazer as contas e conferir as cifras deixadas pelo carnaval. Após dois anos de ausência, cancelamentos e restrições provocadas pela pandemia da covid-19, a folia voltou a lotar as ruas de cidades brasileiras, impulsionada pelo avanço na vacinação e por índices cada vez mais baixos de contaminação pela doença. A economia do país ganhou um impulso digno de destaque em carro alegórico. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o carnaval movimente cerca de R$ 8,18 bilhões em receitas no Brasil, um resultado 26,9% superior em relação ao ano passado, quando a festa — como já citado — teve diversos percalços e ressalvas. No total, o Ministério do Turismo calcula que 46 milhões de pessoas tenham curtido o reinado de Momo no país. Em breve, teremos os balanços da folia.
No Rio de Janeiro, só o carnaval de rua — excluído o sempre superlativo desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí — gira cerca de R$ 1,2 bilhão, segundo dados da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur). Já em São Paulo, segundo a prefeitura, a expectativa é de R$ 2,5 bilhões. Na capital mineira, onde o carnaval ganhou proporções inimagináveis, foi esperado um público total de 5 milhões até o próximo domingo e uma movimentação de R$ 600 milhões, conforme projeção da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). Mais de 20 mil empregos diretos e indiretos estão sendo gerados na cidade durante o período. Cidades veteranas por suas festas, como Recife e Salvador, também apresentam números semelhantes.
O setor mais beneficiado pelo carnaval é, justamente, um dos que mais penaram durante a pandemia, o de bares e restaurantes, que deve movimentar cerca de R$ 3,63 bilhões. Na sequência, o transporte de passageiros (R$ 2,35 bilhões) e os serviços de hotelaria e hospedagem (R$ 890 milhões). Juntos, os três respondem por 85% dos R$ 8,18 bilhões.
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São números excelentes, que comprovam a vocação da festa como um motor para o desenvolvimento econômico do país, apesar de ligeiramente mais baixos que 2020, quando ocorreu o último carnaval antes da pandemia. Isso se explica pelo contexto econômico atual, menos favorável e ainda impactado pela inflação global e pela crise provocada pela própria pandemia. É interessante ainda destacar que, apesar de o turismo ser um dos impulsionadores dos índices, muitos deles são puxados por foliões que decidem curtir o carnaval nas suas próprias cidades.
Para o país, a notícia é um alívio no noticiário econômico hoje, já que, ao mesmo tempo em que ainda encara os tropeços da gestão anterior, o governo já começa a gerar suas próprias crises e percalços, como o recente atrito entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, causado pela discussão sobre a taxa de juros. Por fim, os números excelentes também servem como argumento final contra os — cada vez mais poucos, é verdade — que são contra o carnaval. Se a diversão e a alegria alheias podem causar incômodo, que todos comemorem o bem que a festa faz à economia do país.
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