Sete entre cada 10 mulheres que são vítimas de tentativas de feminicídio não denunciam. Ou seja, os casos nem sequer chegam à polícia, muito menos à Justiça. Um dado alarmante que demonstra o quanto ainda existe subnotificação e, portanto, o quanto o problema é muito maior do que parece.
A estatística foi citada pela advogada Cristina Tubino, presidente da Comissão de Enfrentamento da Violência Doméstica contra a Mulher da OAB-DF, em um episódio do podcast do Correio. O dado é apenas referente a homicídio tentado. Imagine a quantidade de casos de agressões, ameaças, violência sexual, patrimonial, psicológica, que não estão nas estatísticas oficiais!
Na semana em que mais uma mulher foi assassinada e que chegamos à absurda marca de seis feminicídios em 45 dias, decidimos juntar esforços, mais uma vez, para ampliar o debate em busca de soluções.
Vamos promover o seminário intitulado Combate ao feminicídio: uma responsabilidade de todos, no auditório do Correio, em 7 de março, das 14h às 18h, como forma de contribuir para soluções.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, participarão da abertura. A advogada Cristina Tubino também estará presente. Serão três painéis de debates com os seguintes temas: De casa à escola: o caminho para a mudança; Avanços da legislação e desafios da implementação; e Homem, qual é o seu papel?
A ideia é unir esforços, extrair ideias, disseminar conhecimento, pedir providências, entender que a violência contra a mulher é responsabilidade de todos — homens e mulheres, escolas, governos.
Não se pode negar que houve avanços, como a Lei Maria da Penha e a tipificação do crime de feminicídio. A forma como noticiamos os casos, a coragem de mulheres que mostram marcas da violência nas redes sociais, as campanhas e os apelos, como o da atual primeira-dama Janja, que, às vésperas do carnaval, pediu para que os casos sejam denunciados. Ou do Corpo de Bombeiros do DF, que, nas redes sociais, mostrou que existem muitos tipos de violência — controle da rotina e do celular, por exemplo.
É longa a luta e ela envolve o enfrentamento de uma cultura baseada no patriarcado e no machismo e a batalha pela padronização das estatísticas nacionais, sem a qual fica difícil construir políticas públicas mais eficientes.
Dá medo imaginar o quanto ainda temos debaixo do tapete e dentro das casas trancadas. Então, nosso seminário é um convite a abrir mais portas e a salvar mais mulheres. Não podemos desistir.
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